O trio londrino
The XX surgiu em meados de 2009 com seu álbum de estreia intitulado “XX”.
Formado por Romy Madley Croft (vocais e guitarra), Oliver Sim (vocais e baixo) e Jamie
Smith (beats e produção) – e ate novembro do mesmo ano Baria Qureshi (teclado)
que saiu, não sendo substituída ate hoje.
Em pouco
tempo, critica e publico se entregaram de forma satisfatória e entusiasmada ao álbum
que logo se tornaria um dos mais bem cotatos da ultima década.
O que
justifica tal exaltação, fora a forma fora dos padrões do Rock alternativo que
eles trouxeram. Alias classificar The XX como rock alternativo entre uma faixa
e outra de “XX” já se apresenta como um erro, ou no mínimo um equivoco.
O álbum repleto
de inventividade e vida trazia entre letras pesados, de dor e tristeza, sons
densos e viscerais ao mesmo tempo, com distorções e sobreposições de vozes,
entre canais diversos de áudio.
Soava quase
como algo entre o Indie e o Pop minimalista.
“XX” é
repleto de singles-hits. Por conterem refrões que grudam e são rapidamente
absorvidos – a voz sempre sussurrada de Romy ajudam na sensação de leveza-.
Um álbum de
estreia desses, claro que tem seus pontos bons e seus pontos ruins, no que diz
respeito ao futuro. Se antes Romy , Jamie e Oliver eram apenas 3 pessoas tímidas
e talentosas fazendo seu som; hoje, eles são um dos grupos mais bem vistos do mundo da musica.
E claro que
todos esperavam demais de um próximo álbum, afinal: será que eles seriam
artistas de um álbum só?
Depois de
tanta espera e ansiedade, acaba de vazar o mais novo trabalho do trio que tem
previsão de lançamento oficial apenas em Outubro de 2012.
O novo
trabalho vazou a poucas semanas e recebeu o nome de “Coexist”.
Bem, ouvi o álbum
– que estava esperando há muito tempo confesso – e após algumas audições, resolvi
deixar aqui minhas impressões de um dos álbuns mais bem fechados do ano ate
agora, e emblemático também.
A primeira
musica a ser liberada e trabalhada pelo trio, foi Angels, que abre “Coexist”.
Se o normal
é que a musica de abertura soe como uma amostra do que o álbum tem a oferecer, ‘Angels’
é totalmente avessa a esse padrão.
‘Angels’ é
de longe a melhor faixa do álbum. Ela parece ter sido algo que escapou das
garras de “XX”. Chega a ser gritante o quanto ela parece não se encaixar em “Coexist”
apesar de estar La,compondo-o sem muitos alardes.
A faixa é
simples, em sua estrutura, mas possui tantas nuances e texturas ao longo de
seus quase 3 minutos de leveza, que é impossível escuta-la sem se emocionar ou
permanecer tocado pelos sussurros melódicos de Romy. A letra versa sobre alguém
que tem amor dentro de si, e vê tal sentimento como um anjo de asas sedutoras e
belas, ao qual ela canta em seu silencio, como se assim tornasse ele real, e
pudesse se certificar que tudo não passa de algo passageiro (uma vez que a
faixa deixa claro que tal amor só poderia ser tão forte e real se fosse
perfeito como as asas de um anjo).
“Chained”- possível
forte single -, traz Romy e Olivie dividindo os vocais num duo deliciosamente harmônico.
Novamente o tom sussurrado e leve, num ritmo de progressão baixa, mas mesmo
assim progressiva. Apartir dessa faixa, tudo o que você ouviu em “XX” deve ser
deixado de lado. Não são os mesmo, é um novo The XX. Não do ponto de visto
inovação, mas do ponto de vista densidade.
Coexist cai
numa onda de introspecção e lirismo absurdo. Uma calma onde o silencio se faz
presente. Em forma de musica. Sobreposições inspiradas de canais de voz dão
base para a historia que o trio quer nos contar – ao pé do ouvido.
Fica claro
que ‘Coexist’ tal qual seu nome pretende coexistir entre a visceralidade de 'XX' e a melancolia desse novo trabalho. ‘Coexist’ é uma imersão. Esqueça as baladinhas
pop meio Indies e Rockers de outrora, o que se ouve aqui, são os sentimentos de
alguém que esta se voltando para dentro. É como se eles tivessem saído da toca
em 2009 e resolvessem voltar para o casco agora. Evoluir voltando para dentro e
não para o mundo.
O álbum
segue com “Try” e “Tides” mais a frente. Esta primeira que talvez, ao lado de ‘Angels’
e “Missing” logo adiante, são as únicas com potencial para virarem Hit’s.
Novamente em
“Try” Olivie e Romy dividem os vocais.
Em “Reunion”,
que pode soar a primeira vista chata e um tanto o quanto repetitiva, traz um
trabalho excepcional de Jamie, que se segue ate “Sunset”.
Como já dito,
“Missing” tem um potencial enorme de virar segundo Single. Sua letra que versa
sobre a duvida de um amor. Se ele ainda existe ou não.
Mas é “Tides”
que contem o surto criativo visto em “XX”. Uma faixa deliciosa, com uma
combinação deliciosa das vozes de Oliver e Romy, em batidas ressonantes impossíveis
de se ouvir parado. Alias única faixa “baladinha” talvez e por isso mesmo
candidata a possível single.
Então surge “Unfold”
que é um prelúdio lúdico e psicodélico, repleto de texturas e sensibilidade um
tanto o quanto sombria que mostra que Coexist tem força onde menos se espera:
na calmaria.
Em suma, ‘Coexist’
pode ser descrito como um ode a melancolia e ao resguardo dos sentimentos. É introspecção.
O visceral só ocorre de dentro para fora, não deles, mas de quem escuta.
Coexist é a “droga” que nos conecta com o mundo de catarse intima e pessoal.
Nem melhor e
nem pior do que “XX”, o novo The XX surge consciente do que são, firmam sua
identidade musical, e demonstram amadurecimento e domínio de uma linguagem há
tempos esquecidas na atualidade gritada: o menos é mais. E no que o XX da
questão aqui é Gigante!
Nota 8.