Um zumbi (português brasileiro) ou zombie (português europeu) é uma criatura fictícia que aparece nos livros e na cultura popular tipicamente como um morto reanimado ou um ser humano irracional. Histórias de zumbis têm origem no sistema de crenças espirituais do Vodu afro-caribenhos, que contam sobre trabalhadores controlados por um poderoso feiticeiro.
Esta criatura é um ser humano dado como morto que, segundo a crença popular, foi posteriormente desenterrado e reanimado por meios desconhecidos. Devido à ausência de oxigênio na tumba, os mortos vivos seriam reanimados com morte cerebral e permaneceriam em estado catatônico, criando insegurança, medo e comendo os vivos que capturam. Como exemplo desses meios, pode-se citar um ritual necromântico, realizado com o intuito maligno de servidão ao seu invocador.
A figura dos zumbis ganhou destaque num gênero de filme de terror, principalmente graças ao filme de 1968 "Night of the Living Dead" (A Noite dos Mortos Vivos) do diretor George A. Romero.
No entanto, com o tempo a figura do Zumbi se tornou muito mais emblemática, uma vez que tal simbologia nessa criatura, carrega criticas existem cias a humanidade e a sociedade, como emprego de valores de moral, ética e humanistas mesmo. O bicho Homem versus o meio que se instala. Series atuais como The Walking Dead por exemplo utilizam dessa força cultural do zumbi para criar o alicerce para dissertar de temas políticos e antropológicos.
Porem, aqui com "Meu Namorado é um Zumbi" tudo isso cai por terra, o terror, o drama, a critica - aqui ela permanece, mas não tão incisiva, obviamente -, o que há é uma sátira bem feita e coerente que respeita o gênero que se apoderou, que não se leva tão a serio o suficiente- na maneira em que se vende- e por isso mesmo encanta e diverte ao conseguir criar um mundo zumbificado próprio a lá Romeu e Julieta das comedias - e aqui pode se orgulhar da seriedade do projeto em assim ser.
Em um cenário pós apocalíptico somos apresentados a uma realidade que tenta sobreviver a devastão por longos 8 anos. Não se sabe exatamente o que ocasionou o surto de epidemia que transformou as pessoas em zumbis. Entre os sobreviventes há um esquadrão que criou um grande muro para separar a humanidade viva da humanidade morta. Esse esquadrão é chefiado pelo general Grigio (John Malkovich) que quer exterminar todos os Zumbis da face da Terra.
Em meio aos Zumbis temos R.(Nicholas Hoult) jovem que não se lembra de seu próprio nome, apenas que se iniciava com a letra R, e que em meio a um ataque, acaba comendo o cérebro do namorado de Julie (Teresa Palmer), filha do general Grigio e que faz parte do batalhão de resgate a suprimentos aos sobreviventes; adquirindo assim suas memorias e nutrindo um sentimento de amor pela mesma.
Com essa premissa, o filme que é narrado em voz off pelo zumbi R. nos conduz num mundo onde os Zumbis nada mais são do que vegetais orgânicos, corpos vazios com resquício de consciência A fome deles, é explicada, pela vontade impulsional do corpo de querer sentir algo vivo novamente. Ao comer cérebros eles conseguem sentir e reviver as memorias e lembranças dos que comem, sentindo se assim parte do mundo novamente.
Ambos os zumbis, permanecem lutando com essa pequena parte de consciência m osmose, para continuarem assim, num estado de latência entre a morte total e essa reanimação. Muitos repetem suas funções diárias a esmo. Como o guarda do aeroporto que continua mesmo depois de morto a exercer seu serviço de segurança por exemplo, ou o faxineiro que não larga sua vassoura e pano de chão.
R. é um dos que conseguem balbuciar algumas palavras- apesar que na narração em off onde nos explica toda a historia sua fala é normal e clara-; e tem o habito de colecionar lembranças, vinis que gosta de escutar, objetos que lhe tragam alguma sensação de recordação.
Assim o roteiro já deixa claro que não pretende recriar um mundo fantástico com suas próprias leis, mas sim formar um montante de referencias literárias, filmicas e pop's para transformar a projeção num recorde cômico do cultuamento dado e recebido pelos zumbis na nossa atualidade. A referencia a Romeu e Julieta inclusive ja parte desse pressuposto inverso ( os protagonistas tem o nome iniciado por R e J).
Referencias não faltam, temos um protagonista que se assemelha em seus atos ao robô Wall-e, temos uma protagonista que é fisicamente parecida com a crepuscular inexpressiva Kristen Stewart (porem esta tem expressão), há ideologias sobre a cultura pop, desde musicas clássicas em vinis ate a qualidade do som virtual. Alias é interessante como essa alegoria é datada, onde seres inanimados, onde não humanos conseguem adquirir humanidade a mais do que os próprios humanos de fato.
A produção de orçamento modesto consegue delimitar bem seus limites, focando em efeitos escrachados quase toscos por vezes, mais uma vez aludindo a filmes antigos do genero, em virtude de um designer bacana e eficiente, com uma ambientação coerente com sua proposta.
Mas se 'Meu Namorado é um Zumbi' tem realmente algo para se orgulhar é sua impecável e sensacional trilha sonora que passeia desde Bob Dylan e Bruce Springsteen à Guns N’ Roses, Feist e Scorpions. Tudo embalado por cenas que aludem inclusive ao filme "Uma Linda Mulher".
Risadas não faltam, diversão e coerência dentro da proposta e ate mesmo uma critica social contra o preconceito exacerbado e politica, no simbolismo do muro que nos remete ao lendário muro de Berlin.
Assim, 'Meu namorado é um Zumbi' acaba que consegue cumprir seu papel de divertir, de provar que nem toda obra dita adolescente água com açúcar precisa ser incoerente ou ruim para existir, e que pode sim se tornar cultuada com boas referencias, respeito ao gênero empregado e principalmente saber lidar com o fato de ser uma comedia cult da nova geração. Sabendo que não é excelente, sabendo seus limites, tornando-se assim uma boa surpresa para aqueles de mente aberta se permitirem entrar na viagem. Muito bom.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Diretor: Jonathan Levine
Elenco: Dave Franco, Teresa Palmer, Nicholas Hoult, John Malkovich, Analeigh Tipton, Rob Corddry, Cory Hardrict, Rochelle Okoye,
Produção: David Hoberman, Todd Lieberman, Bruna Papandrea
Roteiro: Jonathan Levine
Fotografia: Javier Aguirresarobe
Duração: 98 min.
Ano: 2013
País: EUA
Classificação: 10 anos