O novo filme do diretor Ben Lewin, As Sessões, propõe uma
reflexão acerca das limitações do corpo, sem cair em pieguices e conferindo um
tom extremamente humano e sensível a uma historia real.
É importante salientar que o filme é baseado num livro chamado 'As Sessões, Minha Vida como Terapeuta do Sexo' da escritora e terapeuta Cheryl T. Cohen. O Livro relata, o trabalho dela com seus pacientes/clientes nos mais de 4 anos de profissão que exerceu. E Mark O'Brien é o primeiro desses pacientes relatados no livro e o qual o filme segue pela trama.
O filme relata A história de Mark O'Brien (John Hawkes), um bem sucedido escritor e poeta, que aos 7 anos de idade,
contraiu poliomielite, paralisando-o do pescoço para baixo. Apesar de ainda
possuir sensibilidade por todo o corpo, ele não é capaz de move-lo. Nem mesmo
de respirar sozinho durante o sono. Para isso ele conta coma ajuda de um tubo/cama que recebe o nome de
Pulmão de Ferro, que continuamente fica ligado lhe fornecendo ar durante a
noite, quando ele esta dormindo . Mark esta em meio a uma pesquisa sobre
sexualidade entre deficientes físicos, para compor seu novo livro – ele escreve
com a ajuda de uma maquina de escrever, utilizando a boca e um pedaço de
madeira-.
Com aproximadamente 38 anos de idade, Mark de repente se vê
na necessidade de ter um amor de uma mulher e de experimentar o sexo pela
primeira vez. Mark é virgem. E também perspicaz e inteligente como é, sabe que
sua condição não se arrastará por muito mais tempo. Extremamente católico, Mark
com a ajuda de seus terapeutas e de seu - amigo- Padre Brendan (William H.
Macy), ele embarca numa onda de experiências, que surgem a si como misteriosos,
conflitivas e extremamente interessantes.
O roteiro de Lewin, confere um drama leve, sem
criar sensacionalismo ou abusar do tema, para sensibilizar ou chocar o espectador. Muito
pelo contrario.
O filme tem um tom leve e muito gracioso, ao mostrar as
situações descobertas e experimentadas por Mark de maneira natural. Sem se
preocupar em sexualizar nada e nem mesmo esconder nada. Os fatos são mostrados
como são. Mas não de maneira cruel ou mesmo com tom de piedade e tristeza, mas
com sensibilidade de ver um problema, uma limitação de corrente de uma doença,
ao qual seu portador aceitou a tempos e que as pessoas que o amam, ao seu redor
não tem ressalvas. É natural. É algo que faz parte de sua vida.
Nessa procura pela primeira relação sexual, Mark acaba se
deparando com a terapeuta sexual Cheryl T. Cohen (Helen Hunt).
“Qual a diferença entre você e uma prostituta”?
é a pergunta
que recorrentemente Cheryl, mãe de família casada e extremamente metódica e
profissional, precisa lidar no seu dia a dia, inclusive com o espectador, que
antes de sua chegada, espera por uma prostituta. Porem, ela não exerce essa
profissão. Uma terapeuta sexual, ou terapeuta do sexo, é exatamente o oposto de
uma prostituta. Ela lida com o sexo em sua plenitude, com a sexualidade, a
desinibição, a descoberta dos prazeres, mentais e físicos de seu
cliente/paciente. O ato sexual é apenas um detalhe diante da real terapia-
sempre documentada por ela em diversos diários e um gravador de voz- que ela
faz.
Aqui o trabalho de Hunt ajuda muito em dar verossimilhança a
trama, uma vez que a atriz - que não conta com uma de suas melhores atuações,
ate por que o papel não exige em momento algum isso dela -; encarna uma persona
natural, cotidiana, que passa credibilidade e realidade. Acreditamos que se
trata de uma mãe dedicada, de uma profissional dedicada, de uma mulher de meia
idade dedicada, de uma esposa dedicada.
Ela se coloca nua, diversas vezes em tela, mas sem um pingo
de sexualidade.
Mas o destaque fica por conta da atuação de John Hawkes. O
ator por não poder se movimentar, entrega uma atuação com o olhar. Toda emoção,
tristeza, alegria, excitação, medo, nervosismo que seu personagem lida, é
transmitido pelo ator através do olhar de maneira realmente exemplar.
Contando ainda com alguns planos interessantes como o da
cena em que Cheryl e Mark estão prestes a ter sua primeira relação sexual, onde
a câmera passeia de forma contemplativa pelo aposento, registrando pedaços do
corpo de cada personagem, e enfim fechando o plano nas expressões deles. Delicado
e inventivo.
Por fim, As Sessões consegue ser um filme humano, sensível e
coeso ao transpor a tela uma situação com outros olhos, sem recair no melodrama
que se esperaria, ou no humor latente- que poderíamos esperar também-.
O filme
é correto, bonito e consegue emocionar e divertir na medida certa.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Ben Lewin
Elenco: John Hawkes, Helen Hunt, William H. Macy, Moon
Bloodgood, Annika Marks, W. Earl Brown, Blake Lindsley, Adam Arkin, Ming Lo,
Jennifer Kumiyama,
Produção:
Judi Levine, Ben Lewin, Stephen Nemeth
Roteiro: Ben Lewin
Fotografia: Geoffrey Simpson
Trilha Sonora: Marco Beltrami
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Drama
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