Filme sobre a caça e execução do terrorista saudita Osama
Bin Laden (Ricky Sekhon) por soldados americanos no Paquistão, em maio de 2011.
Osama bin Mohammed bin Awad bin Laden, mais conhecido como
Osama bin Laden, foi um líder e fundador da al-Qaeda,
organização terrorista à qual são atribuídos vários atentados contra alvos
civis e militares dos Estados Unidos e seus aliados, dentre os quais os ataques
de 11 de setembro de 2001.
Procurado havia pelo menos dez anos pelos EUA, Bin
Laden era considerado o mentor dos atentados de 11 de Setembro de 2001, que
derrubaram as Torres Gêmeas em Nova York, atingiram o Pentágono e deixaram
cerca de 3.000 mortos.
Os ataques levaram à invasão do Iraque e do Afeganistão por
tropas lideradas pelos EUA, no que ficou conhecido como "guerra ao
terror".
Em 2 de maio de 2011 autoridades dos Estados Unidos
divulgaram que Bin Laden teria sido capturado e morto em um esconderijo nos
arredores de Abbottabad durante uma operação secreta realizada por forças da
Joint Special Operations Command em conjunção com a CIA e o governo
paquistanês, que colaborou para a localização do paradeiro do terrorista.
“A Hora Mais Escura”, novo filme da diretora Kathryn Bigelow,
conta detalhes sobre essa operação secreta que culminou na morte de um dos
homens mais procurados do mundo.
O resultado, é uma obra superior a anterior de Bigelow
(Guerra Ao terror), que vai além de suas próprias possíveis limitações, e
condensa-se num filme denso, repleto de tensão e tamanha crueza e detalhes nos
fatos narrados, tornando-se uma digna obra prima que subverte qualquer conceito
pré estabelecido de ser apenas mais um filme patriota norte americano.
Kathryn Bigelow, numa direção segura, repleta de cuidados
quanto sua narrativa, nos entrega um filme estruturalmente eficaz e coeso e uma
trama que surpreende por contar detalhes ínfimos sobre as operações especiais
da Cia.
O trabalho de pesquisa da produção do filme levou nada mais
nada menos que longos 9 anos. Onde foi decupada cada informação acerca de
manejos sobre operações de tal calibre. Mas A Hora Mais Escura não se limita a
apenas mostrar os fatos que culminaram na morte de Bin Laden.
Não se limita em
demonstrar uma saga de vitoria americana.
Muito pelo contrario.
O filme tem um tom muito mais de Causa e Consequência, do que ode pela justiça.
O filme tem um tom muito mais de Causa e Consequência, do que ode pela justiça.
Com ares episódicos,
quase como se fosse um filme relatório, o filme traça um panorama do pais EUA
em paralelo com os países Islâmicos, onde entre culpa e vitimizações vão alem
da política de tais países. Isso fica claro, quando num dialogo distinto, a
personagem de Jessica Chastain, Maya, uma agente da Cia especializada em
pesquisar o paradeiro de Bin Laden, diz durante uma reunião em resposta a um comentário
de um de seus colegas sobre pistas quanto ao paradeiro de Bin Laden :
“nós
acreditamos que ele (Bin Laden) não alterou suas táticas de segurança.”;
ao que
Maya retruca:
“Nos atacamos o Afeganistão. Essa é a razão”.
Apenas essa
passagem demonstra o tratamento que diretora e roteirista escolheram tratar o
assunto.
É importante salientar que Bigelow e Boal (roteirista) visavam
retratar o fracasso americano nas investigações. Porem tudo mudou, quando
durante as pesquisas para realizar tal filme, o terrorista foi capturado e
morto.
Longe de cunho políticos. Apenas fato sobre fato,
atribuindo em posições estritamente pessoais de cada personagem ali descrito,
suas parcelas de culpa. O filme tem um tom quase jornalístico. Patriotismo
definitivamente não tem lugar aqui.
Com exceção talvez de algumas montagens e concepção de cenas que remontam a protagonista como a sombra da bandeira americana.
Com exceção talvez de algumas montagens e concepção de cenas que remontam a protagonista como a sombra da bandeira americana.
Com longas e incômodas cenas de tortura o filme vem causando
polemica, nos próprios cidadãos americanos- mais especificamente na política americana
– por abordar o fato de os EUA utilizarem de torturas pesadas para conseguir
informações sobre a al-Qaeda.
Muitas vezes durante a projeção, fica a duvida de quem é mais
terrorista nesse sentido.
E aqui entra o trabalho de atuação fantástico de Jessica
Chastain, que consegue imprimir todo o seu desgaste e obsessão em resolver o mistério
do paradeiro de Bin Laden. Ela se entrega de tal maneira numa busca sem
controle e com desgaste psicológico e emocional tal que causa uma simpatia
imediata no espectador, e uma torcida por uma resolução valida para ela,
independente de qual lado da trama se escolha ficar. Alias o personagem de Maya
é o mais interessante ali, é o que tem mais destaque claro, mas possui uma construção de persona que diz
muito sobre a própria diretora e suas motivações aparentes por tal tema.
Para quem acompanha a serie Homeland, notara as semelhanças tanto na linguagem quanto no desenvolvimento da trama. Ainda que a semelhança entre as produções terminem ai.
O filme inicia-se num inspirador plano negro, apenas com
sons de ligações e de rádios, durante o ataque do 11 de setembro. É uma sequencia
de quase 3 minutos, sem imagem alguma, apenas os sons de conversas dispersas
que já trazem o tom do enredo.
Repleto de câmeras com planos longos e sequências rápidas, o
filme ainda possui diálogos ágeis, por vezes difíceis de acompanhar, mas que
prendem a atenção do inicio ao fim e são cruciais em cada silaba fala, em cada impostação
para o desenrolar do enredo, mesmo que o espectador- o que é aconselhável- já possua
certo embasamento sobre o assunto.
O clímax do filme traz uma eletrizante sequência de exatos
40 minutos, que nos leva ate a captura e morte de Bin Laden. Os exatos 40
minutos informados oficialmente pelo governo americano, que durou tal operação.
A sequência utiliza câmeras infravermelhas, em tons esverdeados, ora com câmeras
na mão, outras que lembram circuitos internos de câmeras de segurança. É de
aplaudir de pé o esmero técnico com o que a diretora conduz essa sequência.
Alias não há como falar sobre A Hora Mais escura e não citar
a falha- que muitos atribuem ter sido por questões meramente políticas- que
deixaram de fora Kathryn Bigelow no posto de melhor direção no Oscar. Categoria
essa que ela não só merecia estar indicada como merecia vencer. Uma pena
realmente.
Por fim, A Hora Mais Escura, que designa um termo militar
para os momentos certos de se realizar um ataque; termina sua projeção num
plano media no rosto de Maya, exalando todas as emoções que tal fato causam ate
hoje no mundo inteiro.
Um belíssimo filme, um trabalho excepcional de direção que remontam
um dos acontecimentos mais assombrosos da historia humana atual, e sua aparente
resolução parcial.
São quase 3 horas de clareza e imersão que merece ser vista
e discutida inúmeras vezes.
**Categorias no Oscar 2013: melhor edição, melhor edição de som, melhor roteiro original, melhor atriz (Jessica Chastain) e melhor filme.
Diretor:
Kathryn Bigelow
Elenco:
Ricky Sekhon, Jessica Chastain, Joel Edgerton, Scott Adkins, Mark Strong,
Jennifer Ehle, Chris Pratt, Taylor Kinney, Kyle Chandler, Édgar Ramírez, Harold
Perrineau, Frank Grillo, Mark Duplass, Stephen Dillane, Jason Clarke, Lee
Asquith-Coe, Fredric Lehne, Fares Fares, Callan Mulvey, Daniel Lapaine, Jessica
Collins
Produção:
Kathryn Bigelow, Mark Boal, Megan Ellison
Roteiro: Mark Boal
Fotografia: Greig Fraser
Ano: 2012
País: EUA
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