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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

BREAKING BAD - SERIES FINALE - FELINA: A Revolução da Televisão Mundial e do Cinema



'Já compartilhei, já dei a dica, já exaltei, já tentei de todas as formas demonstrar a importância do que esta acontecendo atualmente na televisão; uma mídia considerada inclusive por mim morta ou ao menos em estado de latência, de zumbificação, e que mostrou a 5 anos atrás que ela estava prestes a se transformar. Hoje chega ao fim o que muitos já consideram e inclusive eu, o fim da 3° Grande Era de Ouro da televisão Mundial. Mas ao mesmo tempo, se inicia uma verdadeira revolução não só na mídia televisiva, mas possivelmente nas mídias Virtuais e do próprio Cinema, inclusive como indústria para suprir a demanda de qualidade que essa serie trouxe.

Sucesso de Critica e publico que é de longe o menos importante para descrevê-la.
A TV mudou. E mostrou que não é mais uma inimiga do Cinema como demonstrou ser por anos. Mas hoje ela mostra o fim do que provou que ela se igualou em todos os sentidos a tela grande, ao Cinema com letra maiúscula, e que é uma aliada na evolução dessa Arte. Que só acontece quando se compreende ela e se respeita acima de tudo.

Hoje o dia amanheceu mais triste para mim e milhões de pessoas e profissionais da área de comunicação áudio visual, mas ao mesmo tempo to mega orgulhoso de poder fazer parte desse momento histórico de nosso tempo junto com o restante do Mundo.

Venha Breaking Bad, venha terminar sua Era, definir seu legado futuro e me fazer morrer de saudade e excitação como só você fez em sua mídia a muito tempo.

Vem me fazer chorar e gritar, e me fazer confirmar mais uma vez: EU AMO CINEMA!'



((((( CONTÉM SPOILERS DO ULTIMO EPISODIO 'FELINA' DA QUINTA E ULTIMA TEMPORADA)))))


Escrevi esse na manhã do dia 29 de setembro de 2013. E agora após terminar de assistir a ‘series Finale’ de Breaking Bad, reforço a tese e afirmação de que : A TELEVISÃO ACABA DE MUDAR DEFINITIVAMENTE.
Nada será o mesmo. Se alguém tiver programas de TV gravados de antes das 22horas da noite de ontem domingo dia 29 de setembro de 2013; guardem! Pois será uma lembrança da TV que conhecíamos ate aqui. Por que hoje, a TV Mundial amanheceu diferente, Hoje começou a Era pós Breaking Bad.
São inúmeros tetos, teorias, teses, artigos, matérias, videocasts, programas de TV, de radio, de internet, debates acerca da importância dessa Obra para o Cinema e o áudio visual. Breaking Bad trouxe uma inovação jamais imaginada para um produto criado para a televisão. Seria bobagem eu me estender por paginas e mais paginas de texto explicando e enaltecendo isso. Colocarei link e artigos próximos ao final a quem interessar.
O caso, é que ao longo de quase 6 anos, Breaking Bad não só reinventou a forma de se ver e fazer TV, como alterou nossa percepção – seja de entendidos da área do cinema e da comunicação ou não – do que é uma serie de TV. A serie fomentou industrias em graus inimagináveis, inclusive a economia. Isso porque ela conseguiu mesclar de forma inédita na historia, todas as mídias de comunicação e interação de publico ao longo desses anos. Eram textos sobre os episódios fervilhando, eram analises e comentários e uma legião de fãs e admiradores que entravam em comunhão com uma certeza de que estavam vendo algo icônico e histórico.
É quase impossível encontrar alguém que não consiga reconhecer a importância e qualidade da serie, em cada detalhe- ainda que estes não sejam absolutamente perfeitos- nada é, nem mesmo ela escapa, ainda mais sendo algo de caráter serial; Mas mesmo se você não gosta, não se apega a ela, ainda assim você consegue com unanimidade, admitir e afirmar que esta  diante de algo alem da media normal vista não só no cinema tela grande como na TV ou na internet. Breaking Bad conseguiu superar em muito muitas produções audiovisuais somente este ano de exibição de sua ultima e derradeira temporada.
Mas seu maior feito talvez seja mesclar qualidade, inovação com diversão. Ao contrario de Mad Men por exemplo – que fique claro, considerado por mim a segunda melhor serie já assistida por mim – assistir a ela não é maçante ou uma tarefa que precise de paciência e atenção exarcebada- ainda que ela seja esmeradamente tecida. Breaking Bad é divertida, engraçada. É uma arte esculpida com uma mascara eficaz e convincente de entretenimento puro. E isso é genial. Quantas vezes pudemos ao longo da historia afirmar termos presenciado algo assim?
Breaking Bad foi feita para todos. Assim como todos foram feitos para Breaking  Bad.

E como amante de Cinema e sua Arte, dá gosto, orgulho e satisfação de constatar que definitivamente quando algo é bem feito, quando algo tem qualidade, não existe barreira possível que impeça seu reconhecimento e apreciação merecida.
Mas vamos falar especificadamente do Ultimo episodio; FELINA. Com spoilers obviamente e sem contar o enredo dos acontecimentos, não é uma analise é apenas uma observação de um estudante de cinema e fã.

Desde Ozymandias, ficou claro o final que a serie tomaria. Walt deixou para trás definitivamente todas suas desculpas sobre suas motivações e permanência em suas atividades, se foram, junto a destruição de sua família, que a tempos já não era uma.
Era claro, a referencia a Scarface cada vez mais latente para seu final, ao ser exibido Granite States. Porem FELINA, ainda que tenha sido previsível quanto ao destino final do grande vilão da Era; conseguiu ainda assim nos surpreender com as decisões tomadas para culminar nesse final. E não sei exatamente se agradáveis.
O que parece, é que em algum momento, Heisenberg e Walt se fundiram, e que apenas um sobrou dessa fusão. ‘states’ parecia nos levar a crer que fora Heisenberg que nascera ali ao matar White, mas o que felina mostrou, foi o contrario. Foi um personagem ambíguo, que permaneceu dúbio ate o ultimo suspiro e sangue derramado – ate a ultima tosse- mas que escolheu obter sua redenção como Walt, ainda que tenha deixado ao mundo a imagem de que terminou tudo como Heisenberg.
Entendam. A única redenção possível para ele sempre foi a morte. Nada alem dela daria a redenção que o personagem precisava para ter um fim. Nenhuma outra opção jamais foi se quer cogitada ou possível. E essa redenção- morte- precisava refletir tudo o que ele se tornou. Precisava ser fria, solitária, cruel, profunda e definitiva. Sem nada além disso.
E foi o que vimos. Walt morreu sozinho, na companhia de seu mito, suas ‘bebes azuis’. Seu orgulho, seu dom e talento. Morreu com sua criação. Morreu sozinho, sem amor ou respeito de ninguém, sem esperança, mas coesa em si mesmo, de quem era e é. Seu ultimo reflexo na lataria dos objetos de metal, mostram sua deformação e sua persona ali refletida. Ele morreu sabendo e aceitando de uma vez por todas que é o monstro da historia. Sabendo que é e sempre foi grande, alem de tudo. Mas que chegou a seu fim. E talvez seu gozo final foi justamente abraçar a morte da única maneira que seu ego aceitaria: morrendo através de uma obra dele, de uma decisão dele, da maneira dele, no lugar onde ele sempre e unicamente fez de lar a si mesmo. Um laboratório de cristais azuis, com um tiro proveniente de um ataque e vingança final dele mesmo. Uma bala e uma arma sua.

E é lindo e arrepiante constatar o adeus a ele da maneira mais respeitável e digna possível dada à importância de sua personagem na historia mundial aqui. Com metade do rosto mergulhado em sombras. Com as cores que remetem a tudo o que sempre lhe importou – seus cristais azuis que remetem ao azul característico e familiar de Skyler e família, o verde sua marca desde o inicio, seu lado Walter, seu lado homem de bem, seu lado moral, o amarelo, as drogas, o crime ou simplesmente a subversão de tudo, seu mundo de liberdade para sem o monstro que é, seu lado Heisenberg, e o vermelho.. o sangue, seu pupilo, único aprendiz real de seu trabalho, único a quem ate o final, entre amor e ódio ele manteve o respeito e orgulho de ver em um ser humano a cria de seu talento para criar e destruir. Jesse sempre foi à prova viva dos efeitos da existência de Walter White na vida de uma pessoa. A mascara de ‘Scarface’ marcada literalmente no rosto de Jesse e seu grito de catarse entre desespero e liberdade da prisão que foi amar seu grande mentor, é a síntese do que Walt ou Heisenberg significa.
Um final justo, plausível, mas ate que ponto ate chegar ali?
Depois de tanto tempo com rimas visuais constantes e bem elaboradas, depois de uma importância exarcebada dada a Ricina, ela acabar se justificando em um personagem fraca, cruel sim, mas fraca, e insignificante para o poder que a Ricina tomou na narrativa? Sim, Lydia precisava morrer. Por que a redenção de Heisenberg não foi apenas dar um fim a ele. Tudo não acabaria com ele. Ele precisava destruir de uma vez por todas, cada uma de suas marcas e cicatrizes no mundo. Lydia precisava ser destruída, afinal seu império de cristais azuis precisa ter um fim com ele. Os nazistas precisavam morrer, por vingança e pelo mesmo motivo da Lydia. Jesse precisava de sua redenção, sua liberdade, sua possibilidade de escolha de uma vida melhor, uma vida de carpinteiro talvez? Walter devia isso a ele.
Mas e Gretchen e seu marido? Para que o resgate a eles, apenas para garantir o dinheiro a Flynn e Holy? Onde esta a redenção final satisfatória? Sim, há redenção nesse ato, afinal ele deu a oportunidade de Gretchen e seu marido devolverem e  ressarcirem Walt e sua família pelo jogo sujo e vil com o qual trataram a empresa que ele ajudou a fundar. Aquele dinheiro nada mais é do que o direito de um pai passar para seus filhos- independente da forma que esse dinheiro chegou ao final, ele é legitimo. Mas onde esta a punição desses dois personagens? Onde a vingança de Walt, sua redenção final por essa magoa primaria de anos atrás?
Onde esta a justificativa para o final de “States’?
Um final agridoce, onde cada personagem foi preso e morto em vários graus, emocionais, psicológicos e morais. Todas as personagens que conhecemos na primeira temporada chegaram ao fim dessa quinta mortos, ainda que respirando, andando ou vivendo.
A sensação que fica é que sim, vimos um grande final. Um final a altura de seu legado. Mas que como qualquer Obra além de si mesma, que deixou sensações ambíguas tais como seu personagem principal. Breaking Bad e sua expressão de significado se justificando e a certeza absoluta:

ALWAYS, REMEMBER YOUR NAME, BITCH!


Obrigado Breaking Bad. Obrigado por mostrar ao mundo que entre a luz e a sombra esta o sentido do que é ser, estar e existir. Obrigado Vince Gillian. Obrigado!


Liks interessantes: 








Vídeo tributo 




Musica tocada ao final dos créditos finais do ultimo episodio


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ozymandias

"Eu encontrei um viajante de uma antiga terra
Que disse:—Duas imensas e destroncadas pernas de pedra
Erguem-se no deserto. Perto delas na areia
Meio enterrada, jaz uma viseira despedaçada, cuja fronte
E lábio enrugado e sorriso de frio comando
Dizem que seu escultor bem suas paixões leu
Que ainda sobrevivem, estampadas nessas coisas inertes,
A mão que os escarneceu e o coração que os alimentou.(...)”



Esta é minha primeira analise sobre Breaking Bad oficial aqui no blog. O plano é resgatar cada episodio e fornecer uma analise de cada um deles.
Mas o plano precisa esperar, por que o que não dá para evitar é não escrever sobre este episodio que seja talvez o melhor episodio de uma serie televisa já feita na historia.
Exagero? De forma alguma.
Breaking Bad desde sua estreia em 2008 tem se mostrado evolutivamente uma das maiores series da televisão, não só americana, mas mundiais. A sua orla de fãs e admiradores não só cresce a cada instante como o vicio por tal também. E isso se explica unicamente pelo fato de Breaking Bad estar para as series como O Poderoso Chefão esta para o Cinema.
Esta serie criado por Vince Gilligan, colocou o áudio visual seriado num patamar de excelência e competência jamais vista ate então. Talvez se consiga comparar neste quesito a Mad Man, The Sopranos e ate talvez The Wire. Mas não. Breaking Bad antes mesmo de chegar ao seu derradeiro fim esperado- e lamentado- para o próximo dia 29 de setembro de 2013, conseguiu neste quinta e ultima temporada, alçar um voo solo, irresoluto diretamente ao topo da cadeia evolutiva de obras primas. Seja pelo nível de atuações apresentadas, pelo nível de tensão, de coesão e esmero no roteiro impecável, nos planos e fotografias, nas aliterações, metáforas, simbolismos, referencias, construção de personagens e trama, na narrativa esmeradamente tecida e costurada, em suas cores, direção de arte, produção e direção exemplar que colocam em pouco mais de 45 minutos cada episodio uma posição de igualdade plena com as maiores obras fílmicas já realizadas do cinema.

O episodio que foi escrito por Moira Walley-Beckett e dirigido por Rian Johnso, inicia-se já atípico. A serie nos conduz por um flashback que nunca foi mostrado, diretamente para a primeira temporada, em uma época em que tudo começava a desandar – quando Walter decidiu de fato aderir a vida da produção de metanfetamina- mas ao mesmo tempo em que tudo era mais fácil. A cena é exemplar como condutora de preparação para pontos chaves na trama que se segue durante o episodio. Logo em seguida, somos transbordados direto para onde o episodio antecessor nos deixou, em meio a um tiroteio.
Sabemos o que nos espera, mas isso não impede que a tensão construída seja enorme a ponto de causar vertigem no espectador e apreensão a cada milímetro de segundo transcorrido.

E toda a sequência é dirigida com maestria, seja pelos enquadramentos, que sempre enfocam seus personagens de acordo com sua importância na hora da cena, seja pelo uso de angulações e desfoques propícios, ate mesmo a trilha sonora com destaque aos ruídos externos.
E aqui em 20 minutos é exemplar a constatação de que estamos ‘vendo’ um roteiro impecável em cada sentido de palavra escrita e executada. Falas marcantes para atuações dignas de Tony’s Awars.
Walter White cai, para Heisenberg emergir das sombras e dominar vida.
O fulgor destrutivo traz nosso protagonista que de herói passou diretamente para vilão, como um verdadeiro demônio. E isso é explicitado não só pelas sombras e cores, olhares e ações, mas através de simbolismos que o colocam diante de uma cruz (no episodio anterior) o barrando, e aqui com uma carcaça de um animal com chifres, aludindo a sua natureza demoníaca.

 Evitarei spoilers, e na realidade a analise virá futuramente, mas como admirador extasiado precisava registrar este dia que ficara conhecido historicamente; por isso basta dizer que as cenas seguintes são literalmente de tirar o fôlego.

 Assim sendo, deixo um link, dois na realidade, de varias opiniões de críticos e publico sobre o melhor episodio de serie da historia.  >> metacritic
O outro link é uma analise mais detalhada com imagens do Pablo Villaça repleta de spoilers. >> S05E14

No mais; este post de caráter apenas de registro, serve ainda para ser um agradecimento. Para qualquer cinéfilo, aspirante a critico e estudante de cinema, um cineasta em formação como eu, constatar que a arte da sétima arte consegue chegar a um patamar extenso não só no formato cinema como Breaking Bad e seus realizadores chegaram e nos demonstram num grau de profissionalismo e talento inimagináveis, chega a emocionar. É lindo de se ver, sentir e chorar por isso. De emoção entregue, as belezas que somente o cinema conseguem te fornecer. Aplausos de pé.



“(...) E no pedestal aparecem estas palavras:
"Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplem as minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!"
Nada mais resta: em redor a decadência
Daquele destroço colossal, sem limite e vazio
As areias solitárias e planas espalham-se para longe."

Resta saber: Como terminará essa saga épica e quem de nos estará vivo ou minimamente psicologicamente e emocionalmente estáveis para assistir?


Ps: único defeito de Breaking Bad encontrado nesses 5 anos: Não passar em tela gigante em salas de cinema.