Pages

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Critica: Sociedade Dos Poetas Mortos

" Ohh captain, my captain!! 



Em 1959, John Keating (Williams) volta ao tradicionalíssimo internato Welton Academy, onde foi um aluno brilhante, para ser o novo professor de Inglês. No ambiente soturno da respeitada escola, Keating torna-se uma figura polêmica e mal vista, pois acende nos alunos a paixão pela poesia e pela arte e a rebeldia contra as convenções sociais. Os estudantes, empolgados, ressuscitam a Sociedade dos Poetas Mortos, fundada por Keating em seu tempo de colegial e dedicada ao culto da poesia, do mistério e da amizade. A tensão entre disciplina e liberdade vai aumentando, os pais dos alunos são contra os novos ideais que seus filhos descobriram, e o conflito leva à tragédia.

Essa é a sinopse. Mas esse não é o filme.

Sociedade dos Poetas Mortos, dirigido brilhantemente por Peter Weir, e roteirizado por Tom Schulman – e que levou o Oscar de Melhor Roteiro -, que vai além dessa premissa, é um verdadeiro ode a maior e mais importante profissão que a humanidade possui: A do Professor.

Logo ao inicio, somos impelidos a uma espécie de calabouço de bons costumes e moralidades, num regime intensamente autoritário e disciplinar. A direção de arte assume seu papel ao imprimir paredes de madeira escuras, simbolismos, bandeiras escuras, simetria absoluta em cada cadeira, banco e linhas em cena. Quadros de autoridades e antigos diretores mostrados em enquadramentos centralizados sempre em contra-plongée.

Não por acaso, a fotografia comedida, transita de maneira bem sutil, do preto, cinza, marrom e tons pasteis, meio difusos, as cores mais vibrantes, ao amarelo principalmente quando o Professor Keating  surge em sala de aula.

O filme traça uma narrativa que preza pela relação e importância do professor com o aluno, a formação do caráter e principalmente a importância das escolhas, independente de dogmas ou conceitos moralistas pré-fabricados e estabelecidos. E é na poesia e na filosofia do “carpie diem” que o enredo e os diálogos transitam.

No trecho abaixo a primeira aula do professor novo:



Desde o aluno tímido sem o mínimo de confiança em si mesmo, ate ao aluno apaixonado pela garota popular da outra escola, ate ao aluno que mascara com indisciplina o peso que carrega em amar o teatro e as artes e não poder seguir seu sonho pelas imposições irresolutas do pai.
Autoridade e liberdade, Poesia e vida, morte e escolhas, assumem em Sociedade um papel quase que palpável em tela.

A era do Romantismo surge aqui como pilastra contra os dogmas maçantes e a recusa na intertextualidade entre gerações do passado e da atualidade- atualidade em que se passa o filme-.

No trecho abaixo, o professor sugere uma atividade aos alunos para demonstrar o conceito de conformismo e liderança:



Amparando-se a conceitos universais, Sociedade não é só uma obra prima contra os moldes ultrapassados de resvalos educacionais. Mas utilizando-se da metáfora com a adolescência e suas descobertas, ele traça um panorama de discussões acerca de tudo aquilo que realmente rege a vida humana na vida adulta. Ate que ponto nossas regras de sociedade ainda defende-se sem nenhuma ressalva.

É um filme lírico, poético, extremamente forte do ponto de vista dramático, que cativa, emociona, entristece, nos fisga e permanece na memória pela eternidade.

E como tal, vale ressaltar aqui, alem das brilhantes atuações de Robin Williams, Robert Sean Leonard, Ethan Hawke e Josh Charles, uma das diversas cenas clássicas, que ficaram definitivamente nos anais do cinema mundial.

O poema e a cena em questão dizem respeito ainda ao primeiro ato do longa, onde o Professor pede uma tarefa a seus alunos de criarem poemas.
Um deles, Sr. Anderson, o mais tímido, que não acredita no próprio talento para as palavras, não faz a tarefa, mas demonstrando seu dom de passar confiança e de ver alem do rosto e convenções de seus alunos, o professor lhe chama a frente da sala e instiga seu brado.



O poema abaixo se encontra geralmente nos extras do DVD do filme, algumas versões foram editadas, simplesmente por questões de andamento da narrativa.

Mas ironicamente é o poema mais denso e inesquecível de todo o longa. Ele é declamado pelo Sr. Anderson, numa das sessões da Sociedade dos Poetas Mortos, brilhantemente ambientada numa caverna, um ode a teoria de Platão.:

“Sonhamos com o amanhã e o amanhã não vem 
Sonhamos com a glória que não desejamos 
Sonhamos com um novo dia, quando este já chegou 
E fugimos da batalha, uma que deve ser enfrentada 
 Mesmo assim dormimos 

 Ouvimos a chamada, mas não escutamos 
Esperamos pelo futuro, quando não passa de planos. 
Sonhamos com a sabedoria da qual fugimos diariamente 
Oramos por um salvador quando a salvação esta nas nossas mãos 

 mesmo assim dormimos, 
mesmo assim sonhamos, 
mesmo assim tememos, 
mesmo assim oramos, 
mesmo assim dormimos.” 

Ao fim, com um clímax extremamente intenso e repleto de peso, uma das cenas mais lindas do cinema surge para nos arrebatar por completo. Mais que um excelente filme; uma obra prima que vive!






FICHA TÉCNICA

Diretor: Peter Weir
Elenco: Robin Williams, Robert Sean Leonard, Ethan Hawke, Josh Charles, Gale Hansen, Dylan Kussman, Allelon Ruggiero, James Waterson, Norman Lloyd, Kurtwood Smith, Carla Belver.
Produção: Steven Haft, Paul Junger Witt, Tony Thomas
Roteiro: Tom Schulman
Fotografia: John Seale
Trilha Sonora: Maurice Jarre
Duração: 128 min.
Ano: 1989
País: EUA
Gênero: Drama









0 comentários:

Postar um comentário