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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Critica/Resenha - Pan (Peter Pan)

"Segunda a esquerda, e reto até o amanhecer"




Dirigido por Joe Wright ( "Desejo e Reparação" e "Orgulho e Preconceito") e roteirizado (original) por Jason Fuchs, "Pan" resgata mais uma vez o universo criado por J.M. Barrie, e traz à tela por incrível que pareça, uma história inventiva e criativa sobre a origem do garoto que podia voar e conversava com fadas.

Com direito a uma inesperada versão à capella de “Smells Like Teen Spirit” do Nirvana, o filme narra feito fábula mesmo, a origem de Peter, até sua já conhecida jornada como Peter Pan na terra do Nunca, contra as dicotomias do Capitão Gancho.

Peter (Levi Miller) é um garoto de 12 anos que vive em um orfanato em Londres, no período da Segunda Guerra Mundial, apos ser deixado ainda recém nascido por sua mãe às portas do local. 
Um dia, ele e várias crianças são sequestradas por piratas em um navio voador, que logo é perseguido por caças do exército britânico. O navio escapa e logo ruma para a Terra do Nunca, um lugar mágico e distante onde o capitão Barba Negra (Hugh Jackman) escraviza crianças e adultos para que encontrem pixum, uma pedra preciosa que concentra pó de fada (Pó de pirlimpimpim). Em pleno garimpo, Peter conhece James Hook (Gancho) (Garreth Hedlund), um garimpeiro refém, que tem planos para fugir do local.
Após uma confusão nas minas, Peter é sentenciado a morte num precipício, mas ao ser empurrado para o abismo, ele descobre que pode voar e que assim pode ser o garoto escolhido para cumprir uma antiga profecia.

O roteiro é inventivo ao respeitar o universo já conhecido da fabula, e basear ele para criar uma origem que nem mesmo nós achávamos necessária ou existente. Quem já se.perguntou quem é a mãe de Peter ou porque dele poder voar, ou porque ele e o Gancho se odiavam e etc...
Tudo aqui é desenrolado de maneira natural sem aparentar ser didática ou um filme de curiosidade forçadas. Pelo o contrário.

As ligações inclusive metafóricas, de alegorias e analogias, bem como todo o viés psicológico que acarretam o imaginário da Terra do Nunca ficam claros e bem estabelecidos. A estrutura do roteiro respeita o seu publico alvo - infantil - mas, não subestima a inteligencia das mesmas ao manter uma coesão nada forçada na narrativa - considerando que estamos na Terra do Nunca, claro-.

A fotografia e os efeitos visuais são outro espetáculo a parte. O mundo estrutural da Terra do Nunca é sensacional. bonito de se ver e verossímil com as leis daquele universo.
Muitos reclamaram do ritmo do filme, como as passagens das sereias,- todas com o rosto da Cara Delevingne - mas eu particularmente achei bem encaixada na narrativa. Principalmente ao usarem elementos da natureza para remeter ao passado. Uma arvore que conta a historia que se passou, e as águas que guardam memorias em suas profundezas - e afinal a água simboliza justamente isso, sentimentos, emoções e sensações de evocação.

Já o elenco é bem interessante e cumprem bem seu papel: Garrett Hedlund como o futuro Capitão Gancho, mesmo em sua mazela a lá Indiana Jones, trás uma ambiguidade lasciva e divertida pro personagem. Se observarmos bem, o Gancho nunca foi de fato o vilão da trama, mas sim um anti-heroi. Um arqui-inimigo de Peter. Levi Miller como Peter Pan, é vigoroso e bem expressivo mesmo nas cenas de mais dramaticidade. Ele convence como o Peter que conhecemos das fabulas. Inclusive demonstrando a transformação do Órfão inteligente e maduro, para o garoto despreocupado e brincalhão que conhecemos. E Rooney Mara como a 'selvagem'  Tigresa, introduz uma humanidade que serve de ponto de choque entre a maturidade da vida adulta e a infantilidade da Terra do Nunca. é interessante que seu papel e sua caracterização funcionam muito bem para a vermos tanto como uma adolescente quanto como uma adulta. E essa analogia entre as duas fases da vida, bem como os dois mundos existente, servem de apoio para as transformações e motivações dos personagens centrais.
Mas é mesmo Hugh Jackman como o famigerado e exagerado Barba Negra - o grande vilão da trama - que desempenha o melhor papel. Excêntrico, o ator parece se divertir no papel, e alias, seu figurino é o que mais merece atenção. Dotado de cores pretas e vermelhas, a direção de arte já denuncia e alude para o vilão que ele é, desde os primeiros momentos. 

Um filme leve e divertido, mas principalmente respeitoso que evoca não só a nostalgia de uma fabula clássica a todos nós, mas que atualiza uma ideologia que como a fabula já denunciava, estamos a cada dia perdendo mais.

Recomendo.

Trailer:



Ficha Técnica:

Gênero: Aventura
Direção: Joe Wright
Roteiro: Jason Fuchs
Elenco: Levi Miller, Hugh Jackman, Rooney Mara, Amanda Seyfried, Cara Delevingne, Kathy Burke, Garrett Hedlund, 

Fotos: