Pages

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Critica: Uma Historia de Amor e Fúria

"Viver sem conhecer o passado é viver no Escuro"



No ultimo dia 23 de fevereiro, as 10 e meia da manhã – um sábado – o Criticofilia foi convidado a assistir ao longa de animação nacional “Uma Historia de Amor e Fúria” que estreia no país somente dia 5 de Abril.

A sessão se iniciou por volta às 11 da manhã, com pouco mais de seletas 50 pessoas em sua maioria Jovens; entre blogueiros, sites especializados em cinema/animação.

Logo de inicio é possível notar que a produção é ousada. O longa inicia-se apresentando seus créditos iniciais numa edição de som frenética com sons de helicóptero ao fundo. Que dá vazão em seguida a uma cena de um homem e uma mulher encurralados no alto de um grande prédio espelhado tentando escapar de alguma coisa que não sabemos exatamente o que é.

Com direção e roteiro de Luiz Bolognesi (roteirista do longa “ Bicho de Sete Cabeças”) “Uma Historia de Amor e Fúria” brilha pela ousadia de trazer a tona uma animação em um nível de produção rara no país, mas que peca ao tentar abocanhar mais do que deveria.

O filme conta a historia do Brasil a partir da visão dos esquecidos. Ele é dividido em quatro partes, em quatro épocas.

No século XVI, Por volta de 1556, somos impelidos a conhecer a historia de Abeguar (Selton Mello) índio tupinambá que após um voo milagroso para escapar de uma onça, descobre ser um espírito escolhido para guiar seu povo contra as forças malignas. Abeguar é apaixonado por Janaína (Camila Pitanga). Apesar do pajé de sua tribo acreditar que Abeguar é o escolhido para chefiar o povo contra um destino falho, o restante da tribo não crê nisso, e Após assistir a morte de Janaína e de boa parte de sua tribo, durante uma caçada, Abeguar ao tentar dar fim a sua vida, se transforma  em um  pássaro vermelho e passa a vagar pelo Brasil durante anos, até que reencontra Janaína, em 1822 reencarnada, encarnando-se assim como o negro Manoel do Balaio, para mais tarde se tornar líder do movimento contra a opressão do governo, conhecido em nossa historia como Balaiada. Mas os destinos dele e de Janaína parecem nunca conseguir viver juntos em harmonia ou paz e assim, Manoel do balaio novamente se transforma em pássaro, onde Muitos anos depois, em 1968, agora sob o nome de Cal, ele reencontra sua amada novamente, dessa vez fazendo parte da luta armada contra a ditadura, durante a ditadura militar. Mas o destino e suas lutas novamente lhe assaltam e mais uma vez a historia se arrasta em sangue e destruição, ate que em 2096 em pleno futuro caótico, ele, agora um renomado jornalista reencontra sua Janaína – prostituta e agente da resistência- que luta contra a opressão da água. Neste futuro, a água potável é motivo de guerra.

Com esse enredo, o longa traça e remonta a historia de nosso país a partir da versão daqueles que não receberam estatuas e musicas em seus nomes, como bem diz uma fala em certo momento:

“Meus heróis nunca viraram estátua, morreram lutando contra quem virou”.

O filme possui uma coerência estrutural excelente. Assim como sua trama. O texto é lindíssimo, que respeita o país e principalmente seu povo, demonstra ate mesmo um patriotismo não pela flâmula, mas pela nação, povo que raramente vemos no cinema nacional atual.nada explicito, mas o que esta implícito que faz a diferença.

A inteligencia do texto esta justamente em construir personagem icônicos e fortes que demonstram ter muito a oferecer. Como o paralelo que faz entre as lutas e o amor. O amor que move sua trajetória imortal a procura de sua amada, que sempre esta envolvida na luta contra a opressão. Sempre do lado mais fraco, sempre do lado certo.

E é interessante notar a evolução que o roteiro possui e sua narrativa, com relação aos protagonistas. Se iniciamos com um jovem guerreiro assustado, mas determinado a ajudar seu povo e guia-lo rumo a salvação. No final, temos um jornalista- que pela ética busca a verdade e transmiti-la ao povo- conformado, sem vontade de lutar por nada, indignado com a situação a sua volta, mas sem motivação após tantos anos de lutas e derrotas. Ja Janaína  que a principio nada mais é do que uma aspirante a mãe e matriarca de seu povo, que apenas apoia e segue seu amado, cuidando dele, no futuro ela assume uma persona extremamente ativista, pro-ativa e que se torna a motivação de seu 'amado'.

É uma analise muito interessante do que vemos hoje no nosso país em vários sentidos. Um povo que é conhecido no mundo todo e entre si mesmo, como um povo que sempre lutou por liberdade, mas que hoje em dia, parece saturado de derrotas, casado de lutar e vaga apenas conformado com o que lhe é ofertado.
Assim o texto assume uma critica social enorme.

Outro ponto que chama atenção no roteiro desse longa é o cuidado que tem em colocar os oprimidos como verdadeiros heróis de nosso pais. Ao mostrar um lado da historia brasileira que pouco de nós conhecemos, tendo como pano de fundo um herói tipicamente nacional – ora tupiniquim, ora descendente de negros escravos por exemplo-.

Porem, todo o cuidado dado ao texto se perde um pouco nos diálogos, nada naturais e que soam caricaturais. Problema esse que não esta exatamente nas atuações – isso porque as vozes ao contrario do que se imaginaria, foram performáticas e não apenas dubladas. Camila Pitanga, Rodrigo Santoro e Selton Mello dentre outros atores presentes na produção, atuaram com suas falas e após isso criaram a animação em cima dessa atuação deles.-. Ainda aqui há uma falha nos minutos iniciais da primeira parte, no quesito sincronia das falas com os movimentos das bocas dos personagens.

Outro problema esta no desenvolvimento da 3° parte em diante, que soa corrido demais. Isso porque não há tempo de se desenvolver tantas tramas e subtramas, tanto texto e ações naqueles poucos minutos reservados a cada parte. Tudo soa tão orgânico e delimitado de inicio, mas se perde ao final. Com resoluções impalpáveis. E isso é apenas problema de tempo e não de roteiro. Porque a historia esta la... A narrativa esta la. Mas não há tempo suficiente para elas acontecerem em tela. E contudo, é irônico ate, que a terceira parte, a parte da Ditadura Militar seja a mais interessante em potencial para termos narrativos.

A sensação que fica é a de que falta algo sempre. Quando a historia começa finalmente a engrenar, quando os personagens finalmente começam a ser trabalhados, quando se começa a criar as relações entre os tempos, entre as tramas, o longa dá um salto na historia e já inicia outra. Uma pena.

Mas nem isso tira o brilho da produção que inegavelmente possui mais acertos do que falhas.

O design de animação é algo fabuloso, como o próprio diretor explicou, com paletas de cores que remontam cada estação do ano em cada uma das partes que transcorrem, com detalhes ínfimos em cada cena e cenários lindamente compostos.

Os desenhos foram todos feitos essencialmente à mão, numa mistura fantástica entre HQ’s e influencias dos clássicos Disney com animes japoneses – como o fato de utilizarem a técnica de 8 frames por segundo e não os clássicos habituais 24 frames por segundo; característica essa dos animes, que alem de significarem um menor custo de produção, ainda conferem aos traços de movimento dos desenhos algo mais contido, priorizando muito mais as expressões, a emoção transmitida do que a ação corporal-, e as clássicas Graphic Novels europeias. O que se conseguiu em tela, é uma animação rebuscada, que contou com a participação de quatro diferentes desenhistas- um para cada parte da trama- que em forma de hibrido criou um traço único, ainda que não nos remeta a algo próprio, se torna original por conseguir ser bem sucedida- vide detalhes de direção de arte em cada cenário principalmente na porção do futuro, onde cada cor, cada objeto possui significados que nos remete a todas as outras vidas do protagonista, por exemplo-. Muitas vezes a animação nos remete a estarmos vendo um grande livro de animação em 3D. Alias o 3D também é usado na porção final, onde há uma profundidade de campo maior do que nas outras 3 partes anteriores. 
Os traços evoluem com a narrativa.

Outro acerto marcante esta na trilha sonora e na sonoplastia que contem musicas tipicamente brasileiras com influencias do norte e nordeste do país e conta com nomes como Nação Zumbi, Martin Mendonça, Pupilo, Lenine e Lucas Santanna. Há uma canção belíssima interpretada por Camila Pitanga que transforma a cena correspondente em questão num dos momentos mais belos da projeção.
Os efeitos sonoras também são um primor, que dão o tom certo nas cenas de ação.

É importante salientar que essa não é uma animação infantil. É uma animação adulta, no mínimo uma animação infanto-juvenil, pois contem conteúdo adulto como cenas violentas e teor sexualizado, nada explicito, mas que definitivamente não é para menores de idade.

Alias é preciso dar credito aos atores também que expressaram muito bem em suas falas, impostações de voz, doando sotaques e vícios de linguagem a seus personagens.

Interessante ainda é a escolha de caracterizar Janaína sempre como a mesma pessoa em todas as reencarnações, mudando talvez um pouco os traços apenas no futuro. É a única personagem que permanece com o mesmo nome e as mesmas características físicas.

Após mais de 6 anos de produção, com inúmeras mudanças de titulo –  antes se chamaria “As Lutas”  e depois o atual “Uma Historia de Amor e Fúria”, pois segundo o diretor, “As Lutas” causava uma certa resistência de aceitação (principalmente na parcela feminina entre 14 e 25 anos de idade) por confundirem o sentido da palavra com lutas –esporte- e não luta de guerra, revolução, engajamento – remontando a historia do país em uma clara homenagem ao povo  tupinambá e tupiniquim, nos levando à época antes de os europeus chegarem - até a guerra pela água, em 2096, passando pela colonização, a escravidão e o regime militar brasileiro; com uma qualidade técnica surpreendente e sem precedentes no nosso pais, não é pouca coisa.

E ainda que a sensação que fique é a de que o filme poderia ser mais extenso – mais tempo em tela- ou possuir uma ambição menor em termos de enredo; é inegável que Uma Historia de Amor e Fúria, assim como seu herói transpassa a tela e o tempo e se torna grande, relevante e extremamente interessante.

Uma combinação de um ótimo roteiro, com uma excelente ideia, ótimos artistas e uma necessidade latente de um povo que precisa conhecer sua própria historia. Que subjuga seus limites e salienta suas qualidades.

Um filme que merece ser visto analisado e lembrado, que ainda que não tenha conseguido firmar-se em monumento, marca presença na memória com certeza.

Que conhece bem seu passado, se fazendo presente em tela, se ofertando como a luz para quem esta na escuridão.

Dia 5 de abril nos cinemas.


"Quem nasceu Livre, não sobrevive ao Cativeiro"

Trailer




FICHA TÉCNICA

Diretor: Luiz Bolognesi
Elenco: Rodrigo Santoro, Camila Pitanga, Selton Mello
Produção: Fabiano Gullane, Caio Gullane, Luiz Bolognesi, Laís Bodanzky, Marcos Barreto, Debora Ivanov, Gabriel Lacerda
Roteiro: Luiz Bolognesi
Fotografia: Anna Caiado, Daniel Greco
Trilha Sonora: Rica Amabis, Tejo Damasceno, Pupillo
Duração: 75 min.
Ano: 2013
País: Brasil
Gênero: Animação
Classificação: 12 anos
Pagina Oficial do filme no FacebookUma Historia de Amor e Fúria


















domingo, 24 de fevereiro de 2013

Vencedores Oscar 2013



O 84° Oscar que ocorreu neste domingo, contou com uma das premiações mais surpreendentes em muito tempo.

Apostando em performances musicais que deram o tom certo a premiação, o evento ainda foi beneficiado por grandes lendas do cinema subindo ao palco para entregar as estatuetas e por uma apresentação repleta de oscilações mas interessante de Seth Macfarlane que comandou todo o show.
Entre as performances ao vivo, tivemos Norah Jones cantando “Everybody Needs A Best Friend” que concorria ao Oscar de Melhor Canção Original pelo filme “Ted”. Adele numa apresentação contida, visivelmente repleta de tensão, mas que arrebatou a todos, para “Skyfall” que também concorria a Melhor Canção pelo filme “007 – Operação Skyfall”.

Mas o momento musical da noite definitivo ficou com os Elencos de “Dreamgirls”, “Os Miseráveis” e “Chicago”, se revezando no palco cantando seus respectivos musicais, numa homenagem as grandes obras musicais do cinema.

Seth Macfarlane, ainda apresentou três números durante a apresentação, onde uma delas, juntou performances com Daniel Radcliffe e Joseph Gordon-Levitt. E Shirley Bassey cantou ‘GOLDFINGER’ na homenagem aos 50 anos de 007.

No Palco entregando prêmios astros como Meryl Streep, Jack Nicholson, Daniel Radcliffe e Kristen Stewart, o elenco de Chicago, Jennifer Aniston e Sandra Bullock agitaram e engrandeceram o evento.

A premiação que conseguiu este ano ser mais orgânica e dinâmica cumpriu o horário sem atrasos. Jennifer Lawrence muito emocionada venceu o premio de melhor atriz, Daniel Lewis protagonizou um dos dois discursos mais inspirados da noite, Bem Affleckeste sim com o discurso mais emocionante da premiação – subiu ao palco por Argo após confirmar o favoritismo e vencer Melhor Filme.

Mas talvez a maior surpresa da noite tenha vindo por Ang Lee como Melhor Diretor, numa reviravolta que ninguém esperava, onde Steven Spielberg era franco favorito.

Alias “Lincoln" que despontava como favorito a arrematar a maioria das estatuetas, acabou levando apenas 2 prêmios dos 12 que concorreu. Em contra partida 'As Aventuras de Pi' - que concorria a 11 indicações -  e 'Os Miseráveis', surpreenderam ao levarem cada um 4 e 3 estatuetas respectivamente.

Confira abaixo a lista com todos os vencedores do Oscar 2013 em cada uma das 24 categorias:



*Os premiados em destaque representam as apostas do Criticofilia.


Melhor Filme: Argo
Melhor direção: Ang Lee (As Aventuras de Pi)
Melhor Ator: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
Melhor Atriz: Jennifer Lawrence (O Lado Bom Da Vida)
Ator coadjuvante: Christoph Waltz (Django Livre)
Melhor Atriz Coadjuvante: Anne Hathaway ( Os Miseraveis)
Melhor Roteiro Adaptado: Chris Terrio - Argo
Melhor Roteiro Original: Quentin Tarantino (Django Livre)
Melhor animação de curta: Paperman (Disney)
Melhor animação longa: Valente (Disney/Pixar)
Melhor Efeitos Visuais: As Aventuras de Pi
Melhor Fotografia: As Aventuras de Pi
Melhor Figurino: Anna Karenina
Melhor Maquiagem: Os Miseráveis


**categorias que o Criticofilia se absteve de promover apostas
Melhor Curta-Metragem: Curfew
Melhor documentário Curta: Inocente
Melhor documentário longa: Searching For Sugar Man**




Melhor Mixagem: Os Miseráveis
Melhor Edição de som: A Hora Mais Escura e 007- Operação Skyfall
Melhor Montagem: Argo
Melhor Direção de arte: Lincoln
Melhor trilha sonora: Mychael Danna (As Aventuras de Pi)
Melhor canção original: Skyfall – Adele ( por 007- Operação Skyfall)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Apostas Criticofilia Oscar 2013



A premiação mais importante e mais famosa do cinema, se aproxima. No próximo dia 24 de fevereiro, domingo, os melhores do ano que se passou serão premiados na 85° edição da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (no original: Academy of Motion Picture Arts and Sciences ou AMPAS), que este ano, resolveu adotar o nome popular de vez; apenas Oscar. A premiação acontecera em Los Angeles, nos Estados Unidos, e será comandada pelo diretor do polemico filme Ted, Seth MacFarlane com a ajuda de Salma Hayek, Melissa McCarthy, Liam Neeson e John Travolta. 

Este ano, além da premiação estar acirrada e já se iniciar de forma inesperada. O site oficial do evento resolveu dialogar ainda mais com seu publico e criou em seu site uma ferramenta que ajuda os internautas a fazerem suas apostas para a premiação.
Basicamente, basta acessar o site, fazer suas escolhas, um voto para cada categoria e depois decidir se quer entrar na brincadeira dos famosos "Bolões do Oscar" que ocorrem nas redes sociais, compartilhando- ou não - suas apostas com seus contatos. Ainda ha a opção de imprimir suas apostas com as respectivas categorias para facilitar na hora de marcar os acertos e erros enquanto assiste a premiação pela internet ou pela TV - no Brasil a transmissão sera feita pelo canal pago TNT e pela emissora de televisão publica Rede Globo -.
Nas categorias técnicas, como edição e mixagem de som, fotografia, e direção de arte por exemplo, há videos, ilustrações e tutoriais explicando o que são cada categoria e como se dá a avaliação das mesmas pela Academia.
Para ter acesso ao site clique >> Oscar.Go (o site é oficial e por isso todo em inglês, mas nada que o Google Tradutor não dê uma ajudinha)

Da mesma maneira o Criticofilia que nesta edição fez a cobertura quase que total, fornecendo criticas das principais categorias do Oscar 2013, compilou abaixo, nossas apostas a Premiação, justificando-as.


Apostas do Criticofilia: 


 Melhor Filme

Apesar dos ventos estarem soprando para o possível azarão “Argo”, vencer nessa categoria – já que durante a campanha para o Oscar, “Argo” despontou como favorito em todas as premiações que se antecederam, “Lincoln” ainda detém vantagem por tratar de um patriotismo muito mais latente e explicito do que “Argo”. “Lincoln” tem uma grandiosidade bem maior que a Academia costuma gostar, alem é claro, de ter o fator Diretor VS. Filme que sempre possuem um paralelo. Foram extremamente raros os filmes que conseguiram vencer nesta categoria sem que seu diretor não tenha sido ao menos indicado também.
Lincoln” é extremamente bem realizado, com planos fabulosos, um trabalho milimetricamente pensado. É inquestionável isso. Porem, se ele não possuísse o nome Spielberg nos créditos, ele nada mais seria do que um bom filme de moral extremamente duvidosa, uma vez que sua visão é deturpada e leviana, alem de carregar um tom que beira ao vicio fílmico que Spielberg parece ter caído nos últimos anos.
Argo” é inegavelmente um bom filme também, com uma visão que tenta- mesmo que não consiga- de tratar com imparcialidade um ato real do governo de seu país; com uma edição impecável e um roteiro sensacional.
Alias, esta categoria possui ótimos representantes, onde ambos de acordo com as características típicas da premiação, fazem jus a indicação.
Temos “Os Miseráveis” que tinha tudo para se tornar um filme épico, e só conseguiu ser grandioso em termos visuais e de elenco, prejudicado pela direção imprudente de Tom Hooper; mas que ao final das contas é um musical. O que lhe dá largo destaque aqui, uma vez que historicamente a Academia adora Musicais. Em “Indomável Sonhadora” vemos uma presença um tanto o quanto surpresa, mas não menos digna de estar aqui, num filme saboroso e reflexivo, que consegue mesclar a beleza da visão de uma garotinha num mundo bucólico. Porem o filme chama mesmo a atenção mais pela jovem protagonista do que realmente por suas outras qualidades.
Já “O Lado Bom da Vida” esta aqui por uma combinação incrível que se obtém quando em meio a sua produção existem nomes de peso na indústria, apesar de ser um bom filme.
As Aventuras de Pi que traz uma obra grandiosa e impressionante principalmente por seu visual marcante numa historia fantástica. Um filme fabuloso que merece a indicação que recebeu. O mesmo pode se dizer de Django Livre”, que apesar das ressalvas que possua sobre seu roteiro, direção e seu fatídico personagem central, é um grande filme, bem elaborado, com uma qualidade técnica invejável.
Então temos “Amorque de modo simplista se torna talvez o filme melhor executado dentre todos ao lado de “A Hora Mais Escura”. Um filme poético, cru, que consegue ir da mais tenra reflexão sobre a vida e a morte e este sentimento que o permeia, ate a uma alegoria de choque e arrebatamento ao demonstrar total segurança em abordar um tema que tinha todos os elementos para serem transformados em sensacionalismo ou indevidamente “abusados” nas mãos de um outro diretor. Um pequena obra prima. Porem, dentre os nove indicados, o merecedor seria “A Hora Mais Escura”, que supera todos os outros oito em diversos pontos. Uma vez que Amor” desponta como provável vencedor ao premio de “Melhor Filme Estrangeiro” ao qual também foi indicado. Assim, “A Hora Mais Escura que promove uma discussão e traz uma visão intensa e a flor da pele sobre as operações governamentais dos EUA na captura e execução de Osama Bin Laden, acaba sendo o mais  apto. O filme consegue ser impecável do ponto de vista técnico e de desenvolvimento de roteiro, alem de possuir uma reflexão pertinente e desafiadora- assim como 'Amor' também faz-.
Porem a disputa parece estar mesmo entre Lincoln” e “Argo”.

Merecedor Criticofilia: A Hora Mais Escura
Favorito ao premio: Argo
Provável vencedor: Lincoln


Melhor Ator

Esta categoria não resta nenhuma duvida. Esse prêmio nasceu com o "Lincoln" de Day Lewis. O ator faz por merecer seu favoritismo, tendo entregado um trabalho inventivo. Porem, esta categoria possui monstros em termos de atuação, deixando a desejar apenas pelo lado de Bradley Cooper. O ator em O Lado Bom Da Vida”, esta apenas correto. Ao contrario de Denzel Washington que entregou em seu “O Voo uma atuação visceral, de entrega. Ou mesmo Hugh Jackman que aparece sóbrio, numa atuação madura em “Os Miseráveis”.
Porem é inquestionável que a melhor atuação dentre os indicados esta com Joaquim Phoenix pelo o excelente “O Mestre”. O trabalho de atuação de Phoenix é algo assombroso, digno da sua indicação e real merecedor por competência ao premio. Porem, a melhor campanha foi de Lincoln, onde nem Mesmo O Mestre conseguiu competir entre as principais categorias alem de seus atores. Assim, o premio será de Day-Lewis, não injustamente, pois Lewis fez por merecer, mas...

Merecedor Criticofilia: Joaquim Phoenix
Favorito ao premio: Daniel Day-Lewis
Provável vencedor: Daniel Day-Lewis


Melhor Atriz



Outra categoria que assim como, a categoria de “Melhor Filme” esta extremamente imprevisível.
Isso porque todas as atuações assim, como as de “Melhor Ator”, merecem extremamente suas indicações. Todas as atuações marcantes ou surpreendentes. Mas aqui, a duvida é sobre qual vertente os votantes da Academia irão optar. De um lado temos Emmanuelle Riva que fez um trabalho intenso, de entrega e sensibilidade no ótimo “Amor”. Num papel difícil, que tem encantado e impressionado o mundo todo. E algo interessante permeia sua indicação e seu possível prêmio. Emmanuelle Riva completará no dia da premiação, 86 anos de idade, um digito a mais do que o numero de edições que no mesmo dia, a Academia comemorara de existência. E com isso, Emmanuelle ainda se torna a concorrente mais velha nessa categoria a ser indicada. Fatores como este podem lhe dar certa vantagem. Por outro lado temos a favorita ao premio Jeniffer Lawrence que com apenas 22 anos de idade, tem chamado a atenção de publico – que tem se formado uma legião de fãs fervorosos – e critica, com seu talento e versatilidade em compor variados personagens. Mas ao contrario do que ela fizera no excelente “Inverno da Alma”, aqui, JLaw, esta apenas correta, com uma ou duas cenas que se destacam durante a projeção de “OLado Bom Da Vida”. Seu favoritismo vem mais da sua popularidade atual, do que de seus méritos por esse papel. Mas dentre todas as indicadas, ela tem sido a mais dedicada em sua campanha rumo ao premio. Ainda temos Naomi Watts que sempre foi lembrada pela Academia por sua competência extrema e inquestionável durante anos no cinema. Sempre expressiva Naomi entregou em “O Impossível” uma atuação de total entrega a seu personagem. Em termos de atuação, não há nada demais, Naomi já teve melhores oportunidades de demonstrar sua competência. Mas aqui, a entrega total que deu a sua personagem é o que lhe rendeu essa indicação. E uma vez que durante anos, a Academia tem sido complacente com seu trabalho, apenas lhe dando indicações e nunca o premio, pode ser que isso pese dessa vez. Ao mesmo tempo, temos a excelente Jessica Chastain, que entregou uma performance ‘humana’ a sua personagem em “A Hora Mais Escura”. Seu papel chama a atenção, por conseguir conferir peso e exaustão e ao mesmo tempo garra, num personagem complexo.
Mas não podemos esquecer da jovem Quvenzhané Wallis, que com apenas 5 anos de idade à época de sua atuação em Indomável Sonhadora, conseguiu ser a mais jovem indicada a esta categoria em toda a historia da premiação. É Importante ressaltar, que Wallis que atualmente possui 9 anos de idade, além de ter impressionado num papel denso para sua idade, com expressões tão claras, teve em Indomável sonhadora seu primeiro papel no cinema. Ela não era atriz e nem fazia nenhum tipo de aulas de atuação. Wallis nem mesmo era totalmente alfabetizada na época de gravação do longa. Ela treinava e ensaiava suas falas com a ajuda de um treinador de atores. Tal detalhe conta bons pontos a seu favor. Mas a disputa esta acirrada mesmo, entre Riva e Lawrence; com consideráveis chances de uma possível reviravolta para Chastain, mas difícil.
 Importante destacar, o maravilhoso trabalho da atriz Marion Cotillard, por seu papel no bom "Ferrugem e Osso". Um trabalho que a Academia esqueceu de ressaltar e que merece seus louros, numa atuação emocionante, que mesclou a melancolia e a garra em uma mulher devastada por uma tragedia em sua vida. Merecia ser indicada talvez ate mesmo no lugar da pequena Wallis.

Merecedor Criticofilia: Emmanuelle Riva
Favorito ao premio: Jeniffer Lawrence
Provável vencedor: Emmanuelle Riva


Melhor Ator Coadjuvante

Outra categoria disputada. Com apenas duas atuações realmente marcantes, esta categoria possui uma imprevisibilidade absurda.
Apesar do favoritismo claro ao Christoph Waltz por seu ótimo papel no duvidoso “Django Livre”, onde ele nos entrega um papel inventivo, original e totalmente maneirista em tela; temos na disputa Philip Seymour Hoffman, que impressiona por seu papel catártico em “O Mestre”, repleto de oscilações entre a intensidade e a sutileza.
Ainda temos Robert De Niro que pela primeira vez em muitos anos, parece ter finalmente saído do piloto automático ao qual tem estado, e entregou uma atuação sincera em O Lado Bom da Vida”; Alan Arkin que esta correto no ótimo “Argo e Thommy Lee Jones, que esta Thommy Lee Jones no duvidoso “Lincoln”. Isso porque, a atuação de Thommy Lee, não se diferencia muito do que ele vem demonstrando nos últimos anos. Lembram o piloto automático mencionado acima? Então...
Mas a disputa aqui parece ficar mesmo entre os dois primeiros.

Menção honrosa, aos totalmente esquecidos pela Academia e demais premiações.
Quando se pensa em Ator Coadjuvante nos lançamentos do ano que se passou é impossível não lembrar das atuações marcantes e impecáveis de Leonardo DiCaprio por seu vilão em Django Livre, e em Javier Bardem pelo seu também vilão no bom  007 - Operação Skyfall.
Leo Dicaprio transcende em tela, num personagem curioso e bem escrito. sua atuação é tão intensa que chega a entristecer não ver seu nome ali entre os indicados, onde se concorresse teria larga vantagem em todos os 5 indicados oficiais. Foi um trabalho marcante na carreira do ator de fato. O mesmo se pode dizer de Javier  Bardem, que simplesmente roubou o filme de Daniel Craig - que ainda assim surpreende com seu agente James Bond -. Javier construiu um dos melhores vilões que a serie 007 já viu em toda a sua historia. o ar repulsivo e louco de seu personagem é algo incomum de se presenciar. E ainda assim a Academia escolheu lhe esnobar. Mas é fato: se Leo Dicaprio e Javier Bardem estivessem aqui concorrendo, a categoria seria totalmente deles e de mais nenhum outro - talvez Philip Hoffman continuasse no páreo-. Uma pena.

Merecedor Criticofilia: Philip Seymour Hoffman
Favorito ao premio: Christoph Waltz
Provável vencedor: Christoph Waltz


Melhor Atriz Coadjuvante

Aqui, tal qual a categoria de “Melhor Ator” não resta duvida de que o premio vem com o nome talhado de Anne Hathaway. Ela é claramente a favorita ao premio e por méritos inquestionáveis.
A atuação de Hathaway no duvidoso “Os Miseráveis  chama tanto a atenção que com seus pouco mais de 30 minutos totais em tela, é dela as atenções plenas no longa. Uma atuação marcante de entrega e visceralidade. Porem, temos Amy Adams, que entre as 5 concorrentes é a que mais se aproxima do ‘grau’ de 'impressionabilidade' que Hathaway nos brindou. O trabalho de Adams em “O Mestre é muito interessante, onde a atriz conseguiu de modo surpreendente conferir um ar de dubiedade a sua personagem, ofuscada apenas pela monstruosa presença de Joaquim Phoenix em cena. Dentre as 5 Indicadas ela é a que foi mais competente. Porem Anne Hathaway literalmente se desconstruiu diante de nossos olhos de uma maneira tão intensa que seria leviano não lhe dar o premio - mas que fique as considerações a Adams-.
Mas temos também a veterana Sally Field, que entregou uma atuação poderosa – forçada e caricatural demais é verdade – em “Lincoln”. Já a presença de Helen Hunt que esta apenas correta no bomAs Sessões” entre as indicadas se justifica por sua coragem em expor-se de maneira sóbrio a um papel lhe exigiu diversas cenas de nu frontal. Pela competência da atriz, tais cenas jamais atingiram uma conotação sexualizada, vulgar ou impressionista. E isso é admirável. Porem em termos de atuação, não há nada além do normal. O mesmo pode ser dito da veterana Jacki Weaver, que em “O Lado Bom Da Vida não Chama a atenção em nenhum momento. Esta apenas atuando. Num papel que não lhe exige nada também.
Como ressalva é importante lembrar, o esquecimento da excelente atuação de Judi Dench em 007 - Operação Skyfall. A atriz encarna de maneira total sua personagem neste longa como nunca antes durante a serie do agente secreto. Um trabalho que chama a atenção durante o longa e que merecia ser melhor lembrado.

Merecedor Criticofilia: Anne Hathaway
Favorito ao premio: Anne Hathaway
Provável vencedor: Anne Hathaway


Melhor Filme de Animação


Dentre as Ótimas Animações indicadas este ano, temos destaque para "Frankeneenie" e "Valente".
"Frankenweenie", pela técnica típica de Tim Burton e seu teor que mescla a fantasia e o sombrio de maneiras únicas, sempre tendo como base o expressionismo alemão. Já Valente se destaca principalmente por seu enredo, onde uma protagonista claramente feminista surge sem precisar do amparo de um príncipe encantado para lhe salvar. Algo raro na filmografia de animações Disney/Pixar,  onde a primeira; é conhecida por ser a eterna fabrica de sonhos da princesa que tem que ser salva pelo príncipe valente. O Valente aqui é dado a protagonista. E isso merece atenção.
Ainda temos o ótimo e engraçado "Paranorman" que traz uma parodia aos filmes de adolescente estadunidenses de terror, lidando com os estereótipos desses enredos de maneira bem original e interessante. "Piratas Pirados", talvez o mais fraco dentre os indicados que é apenas “bem feitinho”, uma animação em Stop Motion com um roteiro raso com pouquíssimos momentos inventivos ou que se destaquem.
Mas a grande disputa pode vir pelo excelente "Detona Ralph"- este sim da Disney -que vem despontando como grande favorito, após arrebatar a critica em diversos prêmios mundo afora onde tem saído vencedor, e pelo publico, onde conquistou uma grande bilheteria; onde traz uma trama deliciosa que remonta os clássicos jogos de vídeo games, numa animação que impressiona pelos gráficos.

Mas o premio deve ficar disputado mesmo entre os estúdios Disney/Pixar e seu "Valente", - pelo peso que o nome Disney e Pixar possuem, Tim Burton e seu "Frankenweenie" - que é claramente a melhor animação em termos técnicos dentre os 5 indicados - , e o inventivo "Detona Ralph" - também da Disney.

Merecedor Criticofilia: Frankenweenie
Favorito ao premio: Detona Ralph
Provável vencedor: Detona Ralph

Melhor Direção

O Favoritismo é claro. Se para a categoria de “Melhor Filme” 'Lincoln' desponta como favorito, a lógica se estende a sua direção. Uma direção correta alias do Spielberg que tem pleno domínio de seu filme, que mesmo diante de tantas bobagens, é inquestionável a qualidade técnica que possui. Porem temos o excelente Michael Haneke, que entregou em Amor um trabalho meticuloso, repleto de dedicação e extremo exímio em detalhes. Uma direção segura e que merece a indicação sem duvidas. Temos ainda outros monstros nessa área como o ótimo Ang Lee que mais uma vez realizou um filme marcante e fabuloso que é As Aventuras de Pi. Um filme grandioso que não teria a maestria que possui sem a visão e as rédeas claras de Lee.
Na esteira vem David O.Russell pelo seu mediano “O Lado Bom da Vida” que tal qual seu filme é apenas correto. E Benh Zeitlin com seu “Indomável Sonhadora que impressiona mais pelo fato de lidar com uma historia repleta de “não atores”. Por mostrar uma visão bucólica de uma realidade dura e tentar extrair delicadeza em meio a feiura de La. Uma direção boa.
É imprescindível e inevitável, falar dessa categoria e não salientar a injustiça obtusa da Academia em deixar de fora os nomes de Paul Thomas Anderson e Ben Affleck – e se formos mais justos ainda, o nome de Leos Carax pelo seu fabuloso trabalho, no impecável e totalmente esquecido pela Academia e demais premiações “Holy Motors” filme extremamente bem conduzido.
Ben Affleck, por seu trabalho madura e impressionante devido a sua pequena filmografia por “Argo”, contradizendo todas as noções possíveis dessa edição do Oscar. Uma vez que Affleck tem ganhado quase que totalmente todas as premiações ao qual participa nesta categoria, assim como seu filme. Uma incoerência que esta custando muito a Academia antes mesmo do resultado sair.
E Paul Thomas Anderson pelo excelenteO Mestre, que não só merecia sua devida indicação visceral e peculiar na direção, como inclusive na categoria principal de “Melhor Filme”.
E claro, talvez ao lado de Affleck , outra maior e polemica injustiçada, Kathryn Bigelow por seu excelente “A Hora Mais Escura”. Onde sua não indicação é a mais obvia dentre todas: política. Uma vez que seu filme tem sido vastamente mal visto entre o governo americano, com a desculpa infundada de que o longa incita a pratica de tortura do país em processos de investigações e interrogatório com terroristas.
Injustiça, pois o trabalho que Bigelow entrega com seu filme é algo que beira ao impecável.
Mas a disputa parece ficar entre o Spielberg e Haneke.

Merecedor Criticofilia: Michael Haneke
Favorito ao premio: Steven Spielberg
Provável vencedor: Steven Spielberg


Melhor Filme em Língua-estrangeira


Categoria que possui ótimos representantes – alguns deles ate mais relevantes do que os que concorrem a principal categoria -. Porem é inegável o favoritismo de “Amor” que não satisfeito com a indicação a “Melhor Filme” ainda marca presença aqui, onde levará.
Mas é importante salientar as qualidades de seus concorrentes como o ótimo A Feiticeira da Guerra” que possui um roteiro profundo, numa narrativa densa e bem executada. Kon-tiki”, que promove um show visual, numa fotografia impressionante e bem feita. “O Amante da rainha” que traz um enredo batido, numa narrativa surpreendente com atuações boas, uma direção de arte conceitual impecável; e ainda o fabuloso e intenso “No”, que se destaca por trazer de volta o ‘U-Matic’, tecnologia de gravação em videocassete, que confere ao longa uma imagem meio desfocada, que se assemelha bastante ao efeito que se tem quando vemos um filme em 3D sem os óculos, com certas cenas com luz estourada, que transforma o filme num deleite visual, alem de possuir um roteiro inventivo e atuações excelentes.
Um Filme que merecia levar o premio para casa por ser superior em vários sentidos aos indicados acima, talvez apenas igualável ao sensacional "Amor". Sendo assim, o principal concorrente da Obra de Haneke.


Merecedor Criticofilia: No
Favorito ao premio: Amor
Provável vencedor: Amor

Melhor Filme Curta-metragem de Animação

No link a seguir confira pequenos comentários de cada um dos 5 indicados nesta categoria, justificando as escolhas abaixo: >> Indicados Ao Oscar de Melhor Curta de Animação

Merecedor Criticofilia: Head Over Heels
Favorito ao premio: Paperman
Provável vencedor: Paperman



Abaixo, outras apostas mas sem comentários ou menção aos favoritos ou merecedores. Apenas quem provavelmente levara o premio :


Melhor Fotografia

Melhor Direção de Arte

Melhor Figurino
Espelho, Espelho Meu..

Melhor Edição

Melhor Maquiagem

Melhor Trilha Sonora
Mychael Danna - As Aventuras de Pi

Melhor Música Original
007 - Operação Skyfall

Melhor Edição de Som

Melhor Mixagem de Som

Melhores Efeitos Visuais
Prometheus

Melhor Roteiro Adaptado


*Impossível não colocar uma ressalva aqui.
É imperdoável a não inclusão do excelente "As Vantagens de Ser Invisível"  e seu roteiro fabuloso assinado pelo escritor, roteirista e também aqui diretor Stephen Chbosky . Um filme definitivamente bem construído  elaborado, com um roteiro decupado, de narrativa delimitada repleto de acertos. Merecia estar aqui indicado e se fosse este o caso, estaria despontando inclusive como franco favorito ao premio. Imperdoável essa falha.*

Chris Terrio - Argo

Melhor Roteiro Original
Mark Boal - A Hora Mais Escura


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Critica: The Day He Arrives ( O Dia em Que Ele Chegar)


O ex-diretor de cinema Sungjoon vai a Seul e tenta em vão encontrar seu amigo que mora no bairro de Bukchon. Andando pela redondeza, ele encontra por acaso uma atriz que ele conhecia. Os dois conversam por um tempo e logo vão embora. Num bar de Insadong, Seongjun bebe makgeolli (vinho de arroz) e alguns estudantes de cinema o chamam para sua mesa. Bêbado, ele se dirige ao apartamento da antiga namorada. No dia seguinte ou em qualquer outro dia, Sungjoon ainda está perambulando por Bukchon.

Essa sinopse pode parecer um tanto o quanto imprecisa ou mesmo confusa. Mas não é o caso.
Com direção de Sang-soo Hong ,  The Day He Arrives ( O Dia em Que Ele Chegar) segue a linha de trabalho do diretor e trás um filme que se cria a partir das repetições, das possibilidades diversas de um mesmo fato ou momento.

Assim como o diretor nos mostrou no seu ótimo "In Another Country"; aqui, o acaso dos fatos dá vazão a uma serie de repetições que nos mostram como uma possibilidade pode mudar totalmente as percepções das coisas e consequentemente a conclusão delas.

Em "The Day He Arrives" seguimos a mesma linha que parece permear o trabalho do diretor, que é o das repetições. Os mesmo atores interpretando diversas maneiras de um mesmo fato ocorrer.

Contando com atuações corretas, nada surpreendentes, o filme possui uma narrativa coesa e linear apesar da estrutura ir e voltar no espaço e no tempo das ações.

É como se estivéssemos diante de um looping, onde ao final do dia, tudo voltasse a acontecer. Porem não da mesma maneira, por uma conversa diferente apenas. Ou por uma pessoa diferente que se encontrou. Um mesmo dia adquire diversas conotações.

Há uma sequencia muito interessante onde alguns personagens se revezam entre as repetições e situações em que eles se encontram num bar a noite para beber algumas garrafas de cerveja e um deles tocar piano. O que chama a atenção é a escolha do diretor em manter as garrafas vazias consumidas pelos personagens mesmo nas outras repetições seguintes. Apesar de serem outras situações paralelas que de nada tem haver com as anteriores- são repetições isoladas, é como se cada situação fosse uma "possibilidade" de "e se ocorresse assim?" Então o enredo volta sempre nos mesmos locais mas com outro desenvolvimento.

Para quem assistiu "Memento" vai ficar um pouco mais fácil de entender. A ideia primaria é parecida, Mas aqui é mais incisiva- . Porque em “Memento”, as repetições se dão na mente do protagonista que é incapaz de reter na memória mais que um dia – algo visto também na comedia romântica “Como se fosse a primeira vez”- porem aqui, as repetições se dão em toda a trama – algo visto também em “Feitiço do tempo”-. Mas não existe volta de fato. É como se o filme fosse um retalho montado de vários cortes e versões de um mesmo roteiro.

O diretor escolheu deixar nesta sequencia, contudo, as garrafas seguirem as narrativas independentes das anteriores, contando quantas repetições houve. Se antes havia apenas quatro garrafas, ao final, na ultima sequencia, já são quase dez garrafas vazias independente de quantos personagens estão em cena. Isso é brilhante.

O filme ainda tem uma fotografia toda em preto e branco com umas texturas granuladas e raros momentos saturados muito bem captados.

Porem mesmo que seja interessante essas repetições, aqui, diferentemente de seu outro filme “In Another Country”, a edição do filme peca um pouco ao não delimitar direito as passagens de uma repetição para outra. Quando enfim surge a suspeita de que estamos diante de mais uma repetição, a sequencia já avançou para uma próxima. Isso confunde um pouco e prejudica a narrativa. Uma vez que não há tempo para estabelecer coerência. Isso dentro do contexto, da proposta do filme é ate mesmo ilógico. Isso causa extrema confusão principalmente em quem não esta habituado a essa característica do diretor.

O filme ainda possui uma excelente trilha sonora, instrumental que vão compondo as cenas de maneira gradual.

É um bom filme; que pode confundir sim, mas que promove uma reflexão acerca dos acasos e coincidências bem interessante e de maneira inventiva.

Um filme simples, mas que vale a pena.

Trailer



Ficha Técnica

Diretor: Sang-soo Hong
Roteirista : Sang-soo Hong
Elenco:  Jun-Sang Yu, Sang Jung Kim, Bo-kyung Kim ,Seon-mi Song
Fotografia: Hyung-ku Kim
Trilha sonora: Yong-jin Jeong










sábado, 16 de fevereiro de 2013

Critica: A Vida em Um Dia



Produzido pelos irmãos Ridley e Tony Scott, e dirigido pelo mesmo diretor de O Ultimo Rei da Escócia, Kevin Macdonald, “A Vida em Um dia” é um experimento que tinha tudo para não ser nada alem de algo interessante, mas que conseguiu ir além, e se tornar um filme surpreendentemente coeso.

O projeto consistia em pedir para varias pessoas ao redor do mundo enviar vídeos de um único dia - 24 de julho de 2010 – em suas vidas. Só isso.

A partir disso, os cineastas se proporiam a receber todos os vídeos, em que formato e em qual duração fosse, e compilar tudo num único documentário.

Apesar dessa premissa demonstrar uma ousadia enorme, mas sem muitas esperanças de ser nada alem de uma sucessão de imagens dispersas em tela, o que o filme consegue fazer é criar não só uma narrativa eficaz, como elaborar uma técnica de enredo e estrutura invejável e impressionante.

A começar pela fotografia que é lindíssima e bem trabalhada ao nos colocar diante de cada país e cultura de acordo com as cores tratadas em tela. Se levarmos em conta que estamos falando de mais de 192 países em diversos vídeos com mais de 4.200 horas de gravações com qualidades que vão desde uma super câmera profissional ate a câmera de um celular, e tudo isso conseguir ser saturado num único tom é admirável. A fotografia segue uma linha lógica de acordo com o que é mostrado em tela, compreendendo a cultura que esta sendo mostrada e principalmente o tempo.

O filme é dividido em três atos (a principio tem se a sensação de que são apenas dois, pela ausência de clímax).  Por vezes o ar documental dá vazão a uma estrutura fílmica quase ficcional que contribuem de maneira eficaz a trama, não deixando o longa disperso.

Durante pouco mais de uma hora e meia, somos levados durante um dia inteiro na vida de varias pessoas diferentes ao redor do mundo mas que se assemelham como qualquer ser humano. Ha culturas, dialetos, costumes, sentimentos, medos e vitorias todos incluídos num único contexto com N interpretações. Bonito de se ver e impressionante de se constatar quanta diversidade existe no mundo ao redor independente do nosso, da nossa casa. Como ainda existem culturas que aos nossos olhos podem parecer injustas ou atrasadas mas que se revelam nada mais do que uma historia própria.

Do segundo ato em diante, quando começam os depoimentos em uma edição rápida e com cortes secos, onde um casal sem falar, fazem perguntas através de cartazes, e numa montagem recorrente vão se obtendo respostas às perguntas, como: 

“O que é amor para você? "
"O que você mais ama?" – 

trazendo a tona reflexões e pensamentos interessantes.

Alguns textos ali arrebatam e faz o espectador refletir. Surgem inclusive teorias interessantes sociologicamente falando. Nisso o longa cria um paralelo entre a ficção e o real que aproxima e dialogo diretamente com o espectador que se reconhece em tela e mais ainda, se descobre.

Há um pai que desmaia ao ver o parto do filho, há um rapaz apaixonado pela melhor amiga tentando reunir coragem para se declarar, há um jovem atleta que vive uma vida desregrada com pequenos furtos, há um pai solteiro que cuida de seu filho num cubículo e reza para a esposa falecida todas as manhãs, há o garoto que se barbeia pela primeira vez, há o jovem que espia uma estranha bela pela janela do metro sem ela saber, há o nascimento de uma girafa e o sacrifício de um animal, há os sonhos de um camponês e a destruição da vida de um empresário, há a pobreza, há o neto criando coragem para revelar sua sexualidade, há o respeito a cultura de um povo, há um pedido de casamento e a filosofia de uma jovem em um carro escuro, no fim do dia.

É realmente um primor o que conseguiram fazer com retalhos de vídeos e diversas narrativas numa única unidade fílmica. Tornando o documentário coerente. Isso é claro é resultado de uma montagem eficaz e inteligente, e de uma edição perspicaz e criativa.

Conseguir criar um enredo, trama e narrativa independente não é fácil, nem mesmo em projetos ficcionais com planejamento; e conseguir isso através de um projeto experimental que tinha tudo para dar errado, é mais impressionante ainda.

O que se obtém é um documentário fomentado e que definitivamente não é apenas mais um.
Um filme que possui uma experiência que se mostrou eficaz.

Assim, A Vida em Um Dia vale bela beleza e crueza que nos proporciona, numa visão que transcende os estúdios cinematográficos e cria um filme do mundo, sobre si mesmo.

*O Longa pode ser visualizado gratuitamente na própria pagina do projeto no Youtube. >> life in a day << Através do recurso "CC" ligado no player é possível visualizar com legendas em Português, porém o melhor é obter o longa devidamente legendado, já que esse recurso as vezes apresenta falhas.

Trailer



FICHA TÉCNICA

Diretor: Kevin Macdonald
Elenco: Cindy Baer, Caryn Waechter, Hiroaki Aikawa, Bob Liginski Jr., Drake Shannon, Ashley Meeks, David Jacques, Cec Marquez, Arsen Grigoryan, Christopher Brian Heerdt, Ester Brymova, Boris Grishkevich, Jaap Dijkstra, Ranja Kamal, Teagan Bentley, Shahin Najafipour, Jaap Dijkstra, Shir Decker, Lilit Movsisyan, Ayman El Gazwy, Catherine Liginski, Jane Haubrich, Fredeik Boje Mortensen, Ildikó Zöldi, Amelie Sara Kukucska, Cristina Bocchialini.
Produção: Ann Lynch
Fotografia: Soma Helmi
Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams, Matthew Herbert
Duração: 95 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Documentário
Classificação: Livre