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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Critica: As Sessões




O novo filme do diretor Ben Lewin, As Sessões, propõe uma reflexão acerca das limitações do corpo, sem cair em pieguices e conferindo um tom extremamente humano e sensível a uma historia real.

É importante salientar que o filme é baseado num livro chamado 'As Sessões, Minha Vida como Terapeuta do Sexo' da escritora e terapeuta Cheryl T. Cohen. O Livro relata, o trabalho dela com seus pacientes/clientes nos mais de 4 anos de profissão que exerceu. E Mark O'Brien é o primeiro desses pacientes relatados no livro e o qual o filme segue pela trama.

O filme relata A história de Mark O'Brien (John Hawkes), um bem sucedido escritor e poeta, que aos 7 anos de idade, contraiu poliomielite, paralisando-o do pescoço para baixo. Apesar de ainda possuir sensibilidade por todo o corpo, ele não é capaz de move-lo. Nem mesmo de respirar sozinho durante o sono. Para isso ele conta coma  ajuda de um tubo/cama que recebe o nome de Pulmão de Ferro, que continuamente fica ligado lhe fornecendo ar durante a noite, quando ele esta dormindo . Mark esta em meio a uma pesquisa sobre sexualidade entre deficientes físicos, para compor seu novo livro – ele escreve com a ajuda de uma maquina de escrever, utilizando a boca e um pedaço de madeira-. 

Com aproximadamente 38 anos de idade, Mark de repente se vê na necessidade de ter um amor de uma mulher e de experimentar o sexo pela primeira vez. Mark é virgem. E também perspicaz e inteligente como é, sabe que sua condição não se arrastará por muito mais tempo. Extremamente católico, Mark com a ajuda de seus terapeutas e de seu - amigo- Padre Brendan (William H. Macy), ele embarca numa onda de experiências, que surgem a si como misteriosos, conflitivas e extremamente interessantes.

O roteiro de Lewin, confere um drama leve, sem criar sensacionalismo ou abusar do tema, para sensibilizar ou chocar o espectador. Muito pelo contrario. 
O filme tem um tom leve e muito gracioso, ao mostrar as situações descobertas e experimentadas por Mark de maneira natural. Sem se preocupar em sexualizar nada e nem mesmo esconder nada. Os fatos são mostrados como são. Mas não de maneira cruel ou mesmo com tom de piedade e tristeza, mas com sensibilidade de ver um problema, uma limitação de corrente de uma doença, ao qual seu portador aceitou a tempos e que as pessoas que o amam, ao seu redor não tem ressalvas. É natural. É algo que faz parte de sua vida.

Nessa procura pela primeira relação sexual, Mark acaba se deparando com a terapeuta sexual Cheryl T. Cohen (Helen Hunt).

“Qual a diferença entre você e uma prostituta”? 

é a pergunta que recorrentemente Cheryl, mãe de família  casada e extremamente metódica e profissional, precisa lidar no seu dia a dia, inclusive com o espectador, que antes de sua chegada, espera por uma prostituta. Porem, ela não exerce essa profissão. Uma terapeuta sexual, ou terapeuta do sexo, é exatamente o oposto de uma prostituta. Ela lida com o sexo em sua plenitude, com a sexualidade, a desinibição, a descoberta dos prazeres, mentais e físicos de seu cliente/paciente. O ato sexual é apenas um detalhe diante da real terapia- sempre documentada por ela em diversos diários e um gravador de voz- que ela faz.

Aqui o trabalho de Hunt ajuda muito em dar verossimilhança a trama, uma vez que a atriz - que não conta com uma de suas melhores atuações, ate por que o papel não exige em momento algum isso dela -; encarna uma persona natural, cotidiana, que passa credibilidade e realidade. Acreditamos que se trata de uma mãe dedicada, de uma profissional dedicada, de uma mulher de meia idade dedicada, de uma esposa dedicada.
Ela se coloca nua, diversas vezes em tela, mas sem um pingo de sexualidade.

Mas o destaque fica por conta da atuação de John Hawkes. O ator por não poder se movimentar, entrega uma atuação com o olhar. Toda emoção, tristeza, alegria, excitação, medo, nervosismo que seu personagem lida, é transmitido pelo ator através do olhar de maneira realmente exemplar.

Contando ainda com alguns planos interessantes como o da cena em que Cheryl e Mark estão prestes a ter sua primeira relação sexual, onde a câmera passeia de forma contemplativa pelo aposento, registrando pedaços do corpo de cada personagem, e enfim fechando o plano nas expressões deles. Delicado e inventivo.

Por fim, As Sessões consegue ser um filme humano, sensível e coeso ao transpor a tela uma situação com outros olhos, sem recair no melodrama que se esperaria, ou no humor latente- que poderíamos esperar também-. 

O filme é correto, bonito e consegue emocionar e divertir na medida certa. 

 Trailer




FICHA TÉCNICA

Diretor: Ben Lewin
Elenco: John Hawkes, Helen Hunt, William H. Macy, Moon Bloodgood, Annika Marks, W. Earl Brown, Blake Lindsley, Adam Arkin, Ming Lo, Jennifer Kumiyama, 
Produção: Judi Levine, Ben Lewin, Stephen Nemeth
Roteiro: Ben Lewin
Fotografia: Geoffrey Simpson
Trilha Sonora: Marco Beltrami
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Drama







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