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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Critica: Feitiço da Lua


`Eu amo duas coisas na minha vida.`
`Eu amo você e eu amo ópera. Se eu puder ter as duas coisas que amo, juntas, durante uma noite, eu sairei de sua vida.`

E o Lobo Uiva para a Lua!


A família Castorini vive no Brooklyn com suas manias e superstições. 
O pai, Cosmo, é dono de uma empresa de encanamentos e tem uma amante. Vive com a esposa Rose, que está sendo cantada por um amigo – amigo este que é professor universitário e sai com suas alunas muito mais novas-; e a filha Loretta (Cher), uma jovem viúva de 37 anos que perdeu o marido num acidente de carro- ele fora atropelado.
Contrariando o mau-agouro da família, Loretta resolve se casar pela segunda vez, quando seu namorado Johny a propõe inesperadamente. Johny contudo esta de viagem marcada para Pallermo, para visitar sua mãe que esta prestes a morrer, e impõe essa condição ao casório –‘só se casarem dali um mês quando a mãe dele já teria morrido’ -. Antes de partir, Johny faz um pedido a Loretta. Pede a noiva que visite seu irmão mais novo, com quem não fala a anos e o convide para o casamento afim de fazerem as pazes.
Mas, quando conhece Ronny (Nicolas Cage), irmão de seu noivo Johny, Loretta se apaixona por ele. E johny – padeiro amargurado que foi rejeitado pela noiva após perder uma das mãos num incidente- também se encanta por ela.
Agora, ela precisa decidir qual dos irmãos realmente quer. E, para aumentar a confusão, a lua parece ter influência sobre a libido das personagens.

Dramático né? Pois é. E não é.

Dirigido por Norman Jewison – que recebeu o premio de Melhor Diretor no Festival de Berlim-, Feitiço da Lua é uma encantadora historia de amor, hilária, divertida, repleta de detalhes e sensibilidade, que o tornam uma verdadeira fabula fílmica.
Com uma atuação sempre acertada de Cher - Vencedora do Oscar de melhor atriz -, o filme nos conduz pela vida da família Castorini, entre seus anseios, duvidas dramas, segredos e passados. Através dos quadros na casa impecavelmente arrumada, através das falas sempre interessantes e importantes em cena. Seja por seus planos longos e sua cenografia contendo elementos diversos de referencias e alusões as sensações internas de seus personagens.

Feitiço da Lua consegue nos contar uma historia repleta de desencontros amorosos, traições e triângulos amorosos, sem cair em clichês, sem ser melodramático, sem ser frio e sem ser “doce” demais. Nós ficamos em duvida a todo instante se estamos diante de um drama, de uma comedia ou de um romance.
Com personagens marcantes, o filme ainda traz uma trilha sonora belíssima e deliciosa de se escutar, comandada pelo competente Dick Hyman, que intensifica ainda mais a sensação de aconchego que a historia confere.
É um prazer notar, por exemplo, na cena em que Loretta e Johny se encontram a saída de um espetáculo de opera, o como que a câmera passeia por entre eles e enfoca o teatro, repleto de brilho e luz, e ao fundo uma fonte jorrando água intensamente a medida que o envolvimento entre os dois cresce. Ou mesmo como o diretor mostra insistentemente planos contendo Loretta diante de superfícies reflexivas, denotando em seus diálogos e situações, o redescobrimento de uma mulher de meia idade consigo mesma, como se seus diálogos fossem entre ela mesma. 
Os espelhos mostram a verdade nela. – destaque para a cena entre o dialogo de Loretta e sua mãe (Olympia Dukakis, que venceu o Oscar de Melhor atriz Coadjuvante por seu papel) , quando ela lhe conta que irá se casar e sua mãe pergunta: 

‘você o ama?’
E ela responde: ‘não. ’
Sua mãe: ‘mas você gosta dele?’
Loretta: ‘sim. Ele é bom pra mim. ’

Isso é mostrado com um espelho ao fundo refletindo Loretta.

Alias, é importante ressaltar a atuação de Olympia Dukakis como a mãe de família aqui. É soberbo a maneira que ela carrega toda a dramaticidade de uma senhora de idade que sabe da traição do marido, das duvidas da filha e ainda assim se mantem coerente e comedida, tentando achar uma resposta a sua pergunta. É uma daquelas atuações em que é impossível não nota-la sempre que esta entra em cena.
Ainda contendo um esmero tremendo de narrativa o roteirista John Patrick Shanley, ainda nos brinda com uma fantástica teoria, vinda da pergunta de mãe de Loretta: “porque os homens perseguem as mulheres”? É genial. E lhe rendeu o Oscar de melhor Roteiro.

Amparados ainda pelo personagem tocante de Nicolas Cage que realmente deixa transbordar seu fascínio por aquela mulher encantadora e suas duvidas, e toda a sua amargura por um amor ferido e solitário; e o imensurável trabalho do avô da família que confere os momentos mais memoráveis da projeção, Feitiço da Lua, tal qual o astro, nos enfeitiça, ilumina e carrega de felicidade e bem estar em suas 1h30min. De beleza e delicadeza.

É um daqueles raros filmes que automaticamente vão para a lista de favoritos da vida.






*Não consegui achar um Trailer Legendado em Pt Br.


FICHA TÉCNICA

Diretor: Norman Jewison
Elenco: Cher, Nicolas Cage, Vincent Gardenia, Olympia Dukakis, Danny Aiello, Julie Bovasso, John Mahoney.
Produção: Norman Jewison, Patrick Palmer, Lee Rich
Roteiro: John Patrick Shanley, Patrick Shanley
Fotografia: David Watkin
Trilha Sonora: Dick Hyman
Ano: 1987
Gênero: Comédia








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