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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Critica: Medo da Verdade




Um caso de uma criança desaparecida leva toda uma comunidade do subúrbio americano e a grande mídia a um estado de alerta. Os detetives particulares Patrick Kenzie (Casey Affleck) e Angela Gennaro (Michelle Monaghan), casados, são contratados pela tia da criança, para encontrarem a menina de quatro anos que foi sequestrada. Conforme as investigações avançam e aliados ao conhecimento territorial de Patrick, do gueto da cidade, tramas repletas de mistério são revelados, dando origem a uma caçada contra o tempo em busca do que realmente aconteceu com a menina e pela salvação da mesma.

Medo da Verdade, do ate então estreante nessa posição, Bem Affleck, nos apresenta uma visão clara e complexa do quadro de crianças desaparecidas.

Ben Affleck que nunca demonstrou ser um grande ator, apenas correto em cada papel que ganhava, mostra em sua estreia na direção, que domina a linguagem, e que tem uma visão clara de seus personagens, o que faz toda a diferença.
É a mãe viciada e problemática  são os tios que mais parecem avôs da criança que nutrem uma relação de amor e ódio pela mãe da criança, são os detetives que por sua idade jovem não são levados totalmente a serio e precisam se provar a todo instante enquanto carregam peso demais, são os policiais que surgem com a mesma dualidade de caráter dos bandidos, traficantes. E ele parece compreender totalmente o universo dessas personas, e isso é transmitido na narrativa e no enredo.

O roteiro conta com uma narrativa extremamente coesa e eficiente com diálogos sensacionais. Cada diálogo cumpre o papel de ser parte do enredo. São todos profundos, reflexivos e extremamente realistas. Aliados as atuações comedidas mais eficazes, com participação dos sempre ótimos Morgan Freeman e Ed Harris, o filme ainda carrega uma atmosfera densa, quase palpável  devido a sua excelente fotografia urbana saturada, em tons escuros, ligeiramente opacos. Intensificados por sua trilha sonora pesada.

Entre segredos e obscuridades, vemos uma desconstrução de imagens e conceitos, que colocam em xeque nossas questões éticas, morais e de bom senso. A todo instante o filme flerta pelo que é correto e o que é errado. Julgamentos de valores e de escolhas são constantes.
A direção de arte também é infalível ao conferir tamanha verossimilhança nos ambientes residenciais, sempre dando a impressão de aperto, de degradação, seja nas ruas escuras e úmidas a noite, ou durante o dia, em uma saturação gradual e gráfica amarelada.

O modo em que tratam a relação do dinheiro, drogas e crime com a policia também é plausível. Com uma montagem e edição repletas de sequências rápidas, ágeis e cortes ligeiramente secos, o filme ganha um ritmo catártico.
O segundo ato conta com um ponto de virada inesperado.

Mas é seu clímax que contem toda a razão do filme e que o eleva a graça completa.
Detendo finalmente uma valiosa informação no caso do sequestro da menina, Patrick segue rumo à preciosa verdade, e daí entendemos o nome do filme, uma verdade que amedronta.
Chegamos a ela, mas desde o inicio, conforme vamos compreendendo o que Patrick vai entendendo, junto a ele, que a verdade não será das melhores, ainda que esconda um elemento reconfortante.

Isso coloca um panorama extenso no filme, de discussões e lados opostos, em que o personagem e nós que assistimos ficamos em contradição a todo instante sobre a pergunta insistente: o que eu faria no lugar dele? Chega a ser angustiante isso. De tão real, de tão frágil que é nossa percepção do que é certo e errado em alguns casos.

Ainda nos últimos minutos de projeção, Affleck nos brinda com um surto criativo e inspirado e monta uma cena de simbologia delicada e que serve como um soco no estomago, ao elucidar um pequeno dialogo carregado de significado com outro personagem a respeito do nome de um ursinho de pelúcia.

Ao final, a moral que fica é que nem sempre o correto é o certo a se fazer. Será?

A busca através de personagens humanos e complexos, calcados em nossa realidade assustadoramente cotidiana, torna Medo Da Verdade, um excelente filme que excede as expectativas geradas com certeza. Imperdível. 

Ponto para Ben Affleck que promete!




Ficha Técnica:

Diretor: Ben Affleck
Elenco: Morgan Freeman, Casey Affleck, Michelle Monaghan, Ed Harris, Robert Wahlberg, Amy Madigan, Edi Gathegi, John Ashton, Amy Ryan.
Produção: Ben Affleck, Sean Bailey, Alan Ladd Jr., Danton Rissner
Roteiro: Ben Affleck, Aaron Stockard
Fotografia: John Toll
Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams
Duração: 116 min.
Ano: 2007
Gênero: Suspense

Veja um trecho do Inicio do Filme: Trecho do Início do Longa








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